Lugar da delicadeza com o outro e com a própria Liberdade.

Onde se está de acordo com o único modo do humano de ser feliz

Monday, December 19, 2011

Livros sobre a cama
Corpo sobre a cadeira
Olhos nas páginas
Virtualidade exposta

Desejos de Ano Novo editados
Maturidade não é espírito é estado
Devolvo um plano de constância
Não me aventurar, meu maior
Desafio, algo arriscado.

Tuesday, November 15, 2011

Deem o nome que quiserem. Sexo ou Amor. Eu chamo de pretensão. Se for meu desejo ou não.

Sunday, November 13, 2011

Relutei, reneguei, desdenhei
Quem coragem teve de propor
Repeli em impulso violento
Afinal, agora eu me convenço.

Não evitarei mais teu intento.
Concordo ser teu modelo vivo.
Admito até respeito tua opinião.
Porque o corpo nunca esteve
Tão disforme e honesto: bonito.

Deixo que pague pela imagem
Como tanto fiz em reportagem
Notícia que café da manhã esfria
Entendo teu propósito com o ato,
Com a virtude de durar mais, de fato,
Que aparição no telejornal, meio - dia.

E quanto à sensação que virá depois
Não pode ser pior das outras que vivi
Pode ser que não sinta conforto, imediato,
Mas estarei, em definição, livre da negação
De ser o meu mais um corpo triste e morto
Afinal acolhido em terna e justa obliteração

Saturday, November 12, 2011

Papel Passado

Juro que meus carinhos serão todos entregues à extensão do teu corpo e que meu corpo se fará encaixe perfeito do teu  pensamento infinito, tal qual morada, como enamorada por algo que descrevo agora nesse pedaço de papel finito.
Prometo fazer do que for, escrito transpor as margens do quadrado recortado, ganhar formas de encontro apaixonado em praias distantes e desertas, em garrafas de vinho bebidas abertas e por nós dois partilhadas.

Devoto todo esse sentimento amoroso por merecer tanto gozo por ti provocado. Por cada toque gerado pelas pontas desses dedos compridos deslizando da ponta do pé ao umbigo  do teu corpo inexato, de pele translúcida, corpo sobre o qual deito o meu, inteiro em suas poucas curvas, de uma incompletude e opulência já gasta.

Refutarei cada olhar de malícia, ou chance de convivência promíscua, qualquer atitude dúbia até então mantida em reservas de cinismo adequado. Resistirei a cada impulso animal algum sexo casual. Como arbusto imóvel diante dos pés de vento que passam tão egoístas, apressados.

Porque é somente tua imagem que vejo impressa em minha retina. Somente acordes da tua voz grave em entonação matutina ao penetrar meus ouvidos me tornam ser humano a fazer algum sentido. Que apenas teu cheiro desperte em mim impulsos solfejados. Acordando as notas mais vibrantes e harmoniosas neste corpo cansado. Como uma sinfonia cheia de ritmo faze bater meu coração - antes aflito - tocar a música mais forte, dotada de grandes notas e acelerado andamento. Reproduzindo em meu corpo a única sinfonia capaz de fazê - lo suar como de um bicho assustado.
Confesso a todos os Deuses - todos a quem tenho rezado - que minha fé passou a ser irrestrita depois da força que enxergo nesse universo abstrato, original e originário ao mesmo tempo de lucidez e tento e tantos modos sensatos, pensados que descobri estando ao teu lado. 
Aviso ao amigo relógio que o tempo do qual mais preciso são as horas que passo contigo e que se este atrevido não quiser confusão comigo fará correrem mais lentos os minutos em que visitas meu abrig
Também o medo não me ameaça mais porque cada susto de perda que sofro acaba por acelerar meu batimento então injeto mais força no motor e corro  e o meu sangue espaça quando qualquer triste lembrança minha cabeça dura embaça. Deito-a em teu peito branco e toda solidão passa.

Conclamo agora as estrelas desse infinito universo a emprestarem outro verso para que não faltem brilho às palavras, ao fogo para que não falte calor após a comida e às pedras que rolam em nossas cabeças bastante moedas para conforto e abundância em nossa partilha real que escondemos do mundo perverso em sonho de desejo concreto e secreto.
Os únicos demônios capazes de destruir essa força que me possue agora são as frases que ti sairão da boca ao ler este pedaço de papel - que tal qual um grão de areia minguado não traduz a décima parte da montanha paixão e compreensão profunda que já tenho por ti.

Nem mesmo se no lugar reservado a esta aliança eu tiver um dedo cortado pela mão da desesperança, a tristeza de não ter contigo o filho lindo e amado. Peço, então, que responda rápido porque cada segundo é como um ano inteiro que demora, se nada do que foi descrito tem a menor importância? Antes que o sol que agora brilha anuncie do outro lado do mundo minha morte em fadiga e na mais completa escuridão entregue meu corpo à mais faminta das matilhas.
Porque isso que tens nas mãos, diante dos olhos, pode parecer um objeto inanimado, algo chamado guardanapo, mas depois de misturar à minha tinta virou jura de amor infinito, amor de papel passado.

Sunday, October 30, 2011

Je peux mieux comprendre et à changer la vie



Compreendo o novo:  Agora amo matemática. Como carne crua. Curto a solidão. Bebo café gelado. Logo mais farei alguma coisa impensada sem hesitar e sem me importar por ser indelicada. Mudarei meu pensamento e transformarei a minha rotina. Mudo a vida. Detenho condicionamentos. Amplio minhas ideias sobre o mundo e sobre mim mesma. 


Reviro presente, reconto passado e construo novo futuro. Tudo está no pensamento. Tudo se resume ao cérebro que funciona e comanda todo resto. Posso dominá-lo. Posso detê-lo em sua jornada ao abismo. Posso guiá-lo pela estrada que escolhi e, como quem dirige um carro, coisa que sou capaz, chegar ao meu destino.


E farei isso com música, belas imagens e muita alegria. Ser de alguma forma profundo não requer de você tristeza. O que não significa fugir da realidade ao perceber um não gosto. 


Lido melhor com o difícil, que apenas assim se parece. Isso me diverte. Mudo modo de enxergar. Supero medo. Ultrapasso barreiras invisíveis. Trago comigo algum mecanismo que aquieta coração em seus batimentos. Aceleramentos. Sem cigarros.


Controlo euforia, primeira sensação, abro mão do infantil modo de estar perdida e querer viver a aventura de arriscar no desconhecido. Adrenalina há. E dispara quando depara com o conhecido. 


Emoções mais profundas em constância. Amo universo familiar, onde estou amalgamando. Não temo mais o erro nem incômodos dos olhares repressivos. Tolice. A opinião dos outros importa em parte. Só a parte que interessa. Quem compreende? Isso é relevante? Descubro a língua do contrário. Não ao óbvio. Preciso do divertido decifrar. Conselho não se oferece em linha reta. Não que sirva.


Elipses do outro lado da vida. Que é para ser vivida no limite da dúvida em sentimentos difusos, circunstâncias indefinidas. Antes disso, vivi outra vida. A certeza, o concreto e a solitude. Eu fantoche de um rigoso eu. Preconcebia. Não é o suficiente. Neste exato instante preciso ver e sentir profundamente o outro. Olhar o que está fora, além das opiniões e convicções próprias. Sem certezas asseguradas por personagem sólida, personalidade forte.


Abro espaço para inaugurar vida nova. Olhar alheio não perturba. Não desconstrói em construção. Que não confunde porque  sei de mim, o que faço aqui e aonde vou. Inauguro o afeto sem tragédias ou receio e fatos favoráveis. Há exame e, por consequência, escolhas. De verdade. 

Wednesday, October 19, 2011

Amanheceu soprando vento bom. Em geral, são passarinhos que me despertam. Ou um beija-flor atrevido que faz toc-toc à minha  janela. 


Dessa vez foi a sintonia fina de uma música rara que te trouxe até aqui, Romeu 


Você  sentenciou a única ausência da noite:


- Por que não tem telescópio? Ou Luneta? Qualquer coisa para gente olhar mais de perto as estrelas?


- Boa pergunta, Romeu. Talvez porque entendi que elas estaríam todas ali. Não por isso! Vamos providenciar, Romeu!


Afinal, você  fez de nós o melhor desenho, tudo tornou-se possível.


E por que: "é triste a dor de partir e eu te direi boa noite até que seja dia.  A despedida é dor tão doce que ficarei aqui". 


- Estou ouvindo algo! Será o roxinol, o arauto da manhã, ou a cotovia? Rouxinol ou cotovia, o certo é que vem amanhecendo o dia!


Fico com a certeza de que chegou o arauto da manhã.E embora sempre me permita dizer, anuncio mais uma vez. Ali esteve a manhã da criação.

Monday, October 17, 2011

Preciso um grito

      Algum grito que me erga. Logo, aconteça. O grito pelo fim de uma espera. Grito que desperte outros sentidos. Grito que acenda chamas e espante, como a mosquitos, qualquer ato mesquinho que me entristeça. A melhor condição de espera é a que não te adormeça. Não trave portas, pelo contrário, abra caminhos.

    Desempeça passagem do fluxo dos pensamentos, dos impulsos, em velocidade alfa, gama ou beta. Permita criar nova tragetória, lugar que esteve, todo esse tempo, à minha espera. Que não fora experimentado pelo bloqueio de um cérebro ou gasto em promessas. O que estimula o pensamento não é apenas o sentimento? A afirmação de si próprio? Não é apenas a força e o poder da experimentação do mundo? É aquilo que existe de inusitado em mime e é novo, qualquer que seja a sua direção.

      E é está no mesmo caminho. Não evito mais a perda por outros medos como da solidão e do vazio. Preencho com minhas palavras, a página em branco e, logo, estarei bem diante dos olhos, como uma escrita natural em si mesma. Apenas por seguir o próprio fio.
Era uma vez uma gatinha pequenina que não parava de miar a noite inteira tinha medo do frio, do escuro e da fogueira sua mãe era uma gata siamesa com olhos de contornos negros e unhas afiadas mas sua força a gatinha ignorava ao fazer e fazia uso da garganta para reclamar do lugar onde estavam moravam ao relento num caixote sem conforto e perto do nada a única coisa que ambas tinham e que aos passantes impressionava era uma calda comprida e pelo brilhoso que quase sempre eriçava.

Às duas gatinhas foi destinada melhor sina logo elas tão bonitas foram recolhidas ao abrigo de uma casa grande com lençóis novos, roupa lavada e comida.

Saturday, September 24, 2011

Café na cabeça
vinte quilos
sol a pino
olhos verdes
corpo franzino

A imagem não apaga

você aí dentro
eu displicente
mão dormente
não que eu meça
seu valor, mas essa dor
tá que não passa

tenta mais uma vez
não para, tenta, talvez
seja meu pensamento
que sempre embaraça
E feito foto que treme,
Embaça, feito vidro,

Serei para sempre, livre
assim não se prende comigo
vou junto contigo, meu bem
só enxergar nas noites teu vai e vem

Logo pensamento avança
Meu corpo nunca cansa
O teu não desmancha
Remancha e deslancha
liga de novo o motor
Entramos na dança

Só de lembrar a mente descansa
Esse pensamento só não ajuda
E para me fazer desnuda

Sunday, September 11, 2011

Um mar de papel. Estudos sobre Literatura, cinema, artes plásticas. Recortes de jornais. Histórias antigas impressas em páginas amareladas. Eu afogada. Não conheço um sentimento que dure mais de três minutos, mas há frases que revolvo por três dias seguidos. E registros que seguem comigo por anos e anos e anos. Não sou de guardar. Mas há aquilo que não posso esquecer. Evito fixar o pensamento ou deter-me nesse apartamento.

Mergulho numa corrente nova a cada lua cheia. Na lua minguante já não serei eu mesma. Evito fixar o olhar por muito tempo. Evito o interesse que dura tão pouco tempo. Intuo o que não construo. E como quisesse falhar nisso tudo, me dou toda razão. Um lar de papel.

Sunday, August 28, 2011

Querido Sonja,

Escrevo para dispersar minha tensão. Nesse momento, meu pensamento dá voltas como o carro em que estava. Fico pensando em outro modo de esquecer a situação vivida na tarde de hoje, mas não, ainda não descobri qual seria ... Talvez você possa sugerir algum caminho alternativo, que não seja cansativo. Responda rápido, terno Sonja, por favor.

O que você diria se chegasse a uma cidade e entrasse num desses táxis de aeroporto e ele te levasse para a pousada errada? Imagine como fica isso em tempos de Google Maps, GPS em todo e qualquer veículo, roteadores e wi-fi's em todo e qualquer ponto dessa mesma cidade!

Consegue visualizar a terrível sensação de que não fora possível para qualquer cidadão, por mais desarticulado, fazer ideia da localização daquela pousada? Com blog, endereço, fone e localização visíveis na Internet.

Você que me chega, de um outro Estado da Geórgia, passa o endereço ao taxista, lotado no aeroporto cobrando mais por um atendimento supostamente qualificado porque direcionado a turistas, e que acaba dirigindo até um lugar completamente diferente daquele onde te esperavam. Lugar onde fizera reservas antecidapada para esse encontro tão aguardado e, por tanto tempo, adiado! O que você diria dessa cidade?

E, se por um desses acasos, você tem parentes, gente conhecida, e se até estes seus salvadores da pátria encontrassem dificuldade para encontrar o lugar? Não por nada, apenas por demasiadas informações truncadas repassadas sobre o nome da rua: Amaro ou Amália Bernardino de Souza? "Que eu saiba é Padre Bernardinho de Souza...", completa o solícito frentista.

É isso Sonja, Bem vindo ao Recife. Peço, se possível, espero que não o aborreça a náusea que sinto ao transitar por essas ruas que mal conheço, e que os moradores do bairro parecem desconhecer tanto quanto eu. Desculpe incomodá-lo com meu inevitável desconforto diante de tal situação. Grata, por outro, lado, meu eterno amigo Sonja. Antes de começar a escrever, minha azia já ia e vinha.

Friday, August 05, 2011

What is your choice? What's your bet? Do you prefer to believe in your own lies? Or in true love? Could you believe it exist? Why not? By this time, I wounding myself with a lot little swords. Sweet words. Should be several words?

Thursday, August 04, 2011

I saw some classics
I tested hard exercises
I review all the history
I better saying the pain
Wasn't criated by us.
Mexi nas lembranças: revi cachinho de cabelo. Pequena mecha.
Revirei pensamentos. A gente percebe o que não viu pelo caminho?
Anamnese. O que mais podia querer nesse mundo. Tanto carinho!

Tuesday, August 02, 2011

Sorte ou Azar?

A gente é capaz de tanta coisa difícil. Às vezes consegue até estar em dois lugares ao mesmo tempo, de algum modo. Mas, descobri hoje, um tanto triste, que não se pode ensinar certezas. Muito menos a quem quer aprender com a dúvida. Ainda mais quando a maior de todas as certezas é lidar justo com ela (ela mesma: a tal da dúvida), o tempo todo, uma vida inteira.

Então, está combinado. A única coisa - de verdade - a fazer é estar certo. Por alguma fé no que chamam de Amor. Fazer uma escolha e apostar nela. Depositar naquele número preto ou vermelho, par ou ímpar, todas as fichas. E esperar a bolinha rodar, girar a roleta. Independente de qual seja o número, emanar boas energias à sua aposta. Quem sabe a força do seu pensamento não é capaz de influenciar a bolinha. Vai que é isso que chamam de sorte. Vai que a vida se faz inteira assim: no pensamento. Que isso que a gente chama de coração está bem aqui, acima dos olhos, por baixo do couro cabeludo.

Vai que o cérebro é mesmo quem guarda tudo, todas as experiências positivas e negativas e a gente confunde sorte ou azar com a falta de vontade de ganhar.

Friday, July 29, 2011

Could you learn from the beggining?
Just a little dance

Only a little time to dance. Choose one and dance. Just for a few time. Take your soul before choosing. And dance with happiness in your eyes. Dance with some warm in your heart. Dance to hold hands. And change some old ideas. Transform, in someway, the way you're thinking. Modify some feelings about yourself and the perspectives of your life. And be happy, one more time.

Friday, July 08, 2011

Por que ela não levanta voo?
Essa garça de pena branca
Pousa distraída num barrote
Ex-tronco de árvore fincado
Num trecho barrento do rio
Por que não faz de alavanca
Será que ela nem viu?
Por que não levanta voo,
Essa garça tão cheia de graça?

Tuesday, July 05, 2011


Línguas de Fogo - De Claire Varin*
Geórgia Alves


Claire Varin, nascida em Montreal, no Quebec embarca na viagem de refazer os lugares por onde esteve Clarice. Conquistou a confiança de Elisa Lispector, a irmã mais velha e também escritora, já falecida. “Clarice não falava outra língua além do português em casa?”. Não, lacônico, é a resposta de Elisa que acaba por revelar, que os pais falavam iídiche em casa e conceder-lhe o manuscrito: “Vivo ‘de ouvido’, vivo de ter ouvido falar”.

De onde pode afirmar que Clarice Lispector “sonha acordada com as palavras”. Prova com trecho do livro Perto do Coração Selvagem em que a personagem Joana confidencia ao seu amante que Lalande é dessas “inventadas”. Diz que gostava de brincar com elas tardes inteiras e que a tal palavra “é como lágrima de anjo” e “é também mar de madrugada, quando nenhum olhar ainda viu a praia, quando o sol nasceu”. Para Varian, Lalande é o lugar de origem da menina que ouvia o iídiche, é “a terra mãe desconhecida, sentida e reconhecida”. Cita, então, “terra” em várias línguas: “land alemã e inglesa, lande francesa onde só crescem certas plantas selvagens e dos land, o país nomeado na própria língua materna de Clarice”.

Revelação que está na página 27 (fazem bem os atentos aos números) como pedra de toque do seu livro que cita uma a uma os passos e obras de Clarice detalhando datas e outros números, bem mais específicos. A obra de Clarice é composta por oito romances, uma novela e oito livros de contos. “Línguas de Fogo: Ensaio sobre Clarice Lispector” ajuda o leitor a identificar a construção das seis pontas da estrela judaica pela exatidão dos intervalos exigidos para que cada livro seja publicado. Ou mesmo no número de páginas para compor os contos. Muitos com a ajuda de Olga Borelli.

Embora fossem as referências da menina, a escritora ocupou-se em domar a língua portuguesa, para Claire numa ansiedade de estrangeira que emprega a língua de adoção, “exigindo desta o máximo de adequação a seus pensamentos e sentimentos”. Pensamento reiterado nas palavras da própria Clarice; “Tentativa de sensibilizar a língua para que ela trema e estremeça e meu terremoto abra fendas assustadoras nessa língua livre – mas eu preso e em processo de que não tomo consciência e ele segue sem mim”, no livro Um Sopro de Vida. E que o máximo desse cavalgar.

O repertório da crítica literária traz análises de todas as obras, explorando trechos de “Perto do coração selvagem”, “Um Sopro de Vida”, “Descoberta do Mundo”, “A paixão segundo G.H.”, “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres”, “Água Viva”, “A hora da estrela”, além dos contos. Dedica um capítulo à paixão de Clarice Lispector pelos números. Do testemunho de Olga Borelli de que, ao se tratar de um conto, dizia; “Dê um pouco de espaço para não passar da página 13”. E da ordem dos números na construção de autora que “no espaço entre seu 7º. E seu 17º. Anos amadureceu o primeiro de seus sete romances, numa década, símbolo da criação universal, segundo os pitagóricos”.

Dos dezenove capítulos da vida de Joana que irradiam fora do tempo cronológico, o que Varin explica em nota: A soma dos dois números (1+9) que compõem o número de capítulos é igual a 10, que nos leva novamente à totalidade, ao retorno à unidade após o fechamento do ciclo. Assim o décimo e último capítulo da segunda parte de Perto do Coração Selvagem intitula-se “A Viagem”; mostra-nos Joana ao cabo de um outro círculo de vida, sozinha sobre um barco “forte e bela como um jovem cavalo”.

É espantosa e finamente tensa a relação do detalhamento do texto e contexto de Clarice nas línguas de fogo de Varin. Não é possível evitar a sensação da extrema presença como na obra da escritora e professora da Sorbonne, Hélèlen Cixou, uma das grandes responsáveis pela maior recepção de Clarice nos outros países.

Claire Varin preocupa-se também com o universo ao redor que influencia e é influenciado por Clarice, que vai curando o Brasil do que Autran Dourado chamou de “solidão lingüística”. E que estamos distantes não apenas da Europa e da África, mas separados do resto da América do Sul hispânica. “Clarice não escapou à regra” – “Depois de ter bebido até se saciar nas fontes da cultura do Velho Continente – entre suas paixões literárias: Emily Brontë, Fiodos Dostoievski, Julien Green, Herman Hesse, Katherine Mansfield -, ela põe em destaque a questão das literaturas nacionais,”. Afirma que põe de lado a palavra vanguarda no seu sentido europeu, pensando, por exemplo, se o nosso movimento de 1922 seria considerado vanguarda por outros países.
Clarice: O Xamã de Fogo
A crítica Lúcia Peixoto Cherem, em dossiê apresentado no começo deste ano, na revista Entrelinhas, escreve que “Tanto Hélène Cixous quanto Claire Varin tem de Clarice Lispector uma leitura bastante subjetiva”. Relação que se diz perigosa, facilmente apreendida na leitura de Clarin Varin. O que deixa professores de metodologia científica de cabelos em pé e aconselhar ao iniciado: “afaste-se de Clarice!”. A pergunta é: Como? E é um mistério responder. Se a força descrita nas palavras desse “Xamã” da atualidade, nos transporta para uma vida pré-humana divina “de uma atualidade que queima” é “de certa alegria cega e já feroz que começava a me tomar. E a me perder”.

Nas palavras G.H., e supõe-se a personagem mais distante do leitor da própria Clarice. E diz-se Xamã no sentido que diz Joseph Campbell; “homem ou mulher, que no final da infância ou no início da juventude, passa por uma experiência psicológica transfiguradora, que a leva a se voltar inteiramente para dentro de si mesma... Experiência xamânica ao longo de todo o caminho que vai da Sibéria às Américas, até a Terra do Fogo”. Desavisado, o jornalista Bill Moyers pergunta: “E o êxtase faz parte dela?” Para a afirmativa de Campbell. Em Clarice, há o êxtase no todo.

*"Línguas de Fogo: Ensaio sobre Clarice Lispector”, da canadense Claire Varin, (Editora Limiar, 2002) revela relações da autora ucraniana, naturalizada brasileira, de origem judaica, com a língua portuguesa e outras, não apenas as européias, como também o Iídiche (língua que já foi falada por 11 milhões de judeus no mundo, já naquela época, restrita às comunidades ortodoxas).


Thursday, June 30, 2011

 Ágapo pelo Traço Freudiano

A peça de Carlos Santos impressionou pela liberdade dirigida a preencher grande lacuna do entendimento humano. Ontem, durante a sua leitura dramática, numa das salas da Fundaj, no Derby, fomos transportados  para uma Tebas que era ao mesmo tempo daquela e dessa época. Com a criação do personagem Ágapo facilitou entre nós - seres femininos e masculinos - a comunicação com sentimentos diante da figura ambígua que se interpela na relação conturbada do rei Laio e a rainha Jocasta. Já antes perturbada pela expulsão do primogênito Édipo. Quais os dilemas que afligem esses homens e mulheres que deparam-se com os filhos que desconheceram por toda uma vida e agora são capazes de cobrir o corpo com vestes de mulher em busca do olhar desse pai distante? Senti minha ansiedade diante do término com a fuga de Ágapo para os campos. Gostaria que a noite não terminasse e esse Ágapo ganhasse a voz que merece.

Wednesday, June 29, 2011

Non Stop

Quando Recife esfria assim tudo é tão diferente - ao menos até o retorno do sol - que sinto uma certa dispersão. Nessa hora, como precisasse de algo novo, arrisco uma select e bom livro de bolso. Dessa vez, quis reencontrar Martha Medeiros. De todas as crônicas divertidas e bem articuladas da autora não consigo identificar uma mais casual que a primeira. O ponto G. Martha dá a dica mais relevante - na minha opinião - para diminuir distâncias entre os sexos. O nosso ponto crucial, não se resume a um. São dois. Mais do que aquele de difícil alcance no interno universo do corpo feminino, o canal de acesso para o temporal de hormônios capaz de fazer navegar qualquer arca de noé são nossos ouvidos. Boas frases, sem exageros, hipérboles, apenas com alguma coragem de verdade simples, e velejaremos de volta ao paraíso. 

Tuesday, June 21, 2011

Há mais que silêncio e palavras. Estamos sempre entre escolhas difícéis.O que resta na convivência com o outro? Talvez não seja nem o silêncio, nem qualquer palavra. Apenas o riso.

Sunday, June 19, 2011

A big shot. The truth.
Organize and sold pieces.

Saturday, June 18, 2011

The nomad


More than read or write,
she has to change from place to place.
She must travelling all her life.
She can not obey any other order.


Friday, June 17, 2011

Thursday, June 16, 2011

Nos anos 60 tudo era uma questão de dar pouca importância às tristezas e fazer da alegria uma coisa monumental. E agora?

Wednesday, June 15, 2011


Alô!!!


Neste exato instante há uma moça ao telefone, de cabelos tingidos, o corpo fino e magro, que está na Conde da Boa Vista, a alimentar fragilidades.

- Por que não pode vir me buscar? Raros os ônibus. É greve geral - e a voz já a embargar.

A grande ilusão de uma mulher, ainda moça ou menina, é entender para si mesma alguma fragilidade. Não aceite que alimentem. Restará a você papel insuportável.

Tuesday, June 14, 2011


Moldávia

Até uma semana atrás não havia sequer ouvido em toda a minha vida este nome. Moldávia. Ou de sua capital Chisinau. Agora, já tomei conhecimento até mesmo de fatos inusitados. Como o surgimento de uma cruz no céu da República de Moldova que assombrou a todos. Impressionou alguns e foi vista sem nenhum entusiasmo por outros. Tenho adquirido conhecimento sobre seus bosques e clubes e parques verdes gelados. Assombrados. Cenários de terríveis histórias de mortes atribuídas à menina ruiva. A mesma Moldávia dos passeios de barco no lago Komsomolsk. E a tristeza em seu cemitério. Deve haver uma singular alegria nos que vivem na República da Moldava. O fato é que ainda é do meu completo desconhecimento.
Carminha

Menina dos pés descalços em asas e saltos! Pare um pouco e respire fundo. Não se perca em duro asfalto. Correndo tanto por esse mundo. Já sabe onde quer chegar? Não lhe bastam as fronteiras da Torre? Não aprendeu modo simples de caminhar. Parece sempre voar baixo e não quer nunca mais parar. Menina de vestido rasgado, seu sonho é ir no mercado, comprar tecido florido e adereço rendado. Aposto que essa menina dos pés tão alados, em seus sonhos paga mesmo um dobrado, pra ter seu canto de terra e casa de vasto telhado.

Frequenta a igreja da torre, a missa pra santa luzia, sabe de cor salteado cada trecho do livro litúrgico. Não perde as contas do terço, lida com os fundamentos da igreja, de um jeito mais que cirúrgico. Repele os olhares sobre ela, porque vai se manter donzela, até que um dia lhe caia de amores, o primo caçula que apelidou-lhe gazela.

Essa menina, escute agora, a prece que faço por ti, que nesse mês de festejos juninos todos os santos protejam teus sonhos, não apenas o santo de nome antônio. Mas também o João e o indeciso Pedro que por três vezes negou o amor e dedicação à essa filha do meio. Que toda abundância recaia sobre a terra que com carinho tocaia, zela e trabalha diariamente nela.

Por tudo que já fez pelos filhos, irmãos, primos, primas, sobrinhas e sobrinhos. Por todos que em tua vida ajudaste regando teu sonho de construir um bom ninho. Onde nos dias de sol acolhe a familia e os amigos e em dias de chuva chora tua solidão baixinho.

Monday, June 13, 2011

Soube no momento em que lia Walter Benjamin que pela primeira vez me faria feliz ser tomada de assalto. A sua narrativa de uma filosofia histórica facilmente oferece a compreensão dos novos tempos a partir do que perdemos e ganhamos - qaundo sim - na reprodução. De um tempo de liberdades e desapegos. Responsabilidades em suas conexões. Da criação de um novo mundo que como semente mataria a própria erva daninha dominante. Karl Marx previa o futuro. Benjamin oferecia nos seu manual de instruções.
Círculos concêntricos em sintonia fina

Ocupam-me as coisas divinas e as menos avançadas - para usar palavra branda - e conceitos modernos. Andei pelas ruas, outro dia, escolhendo: qual das minhas lembranças vão "me salvar"? São todas minhas, eu sei. Não caíram do céu ou brotaram do inferno. Eu e minha cabecinha tão criativa fomos buscá-las. Cada uma. E quando digo isso é uma a uma mesmo!

Despertar sozinha ao brotar do dia, dá nisso. Sem qualquer humor, somente com simplicidade, eu digo: Não, não será um remédio para enxaqueca ou dores de estômago. Muito menos para os ânimos. Sim, se eu fosse afeita a leite, seria um copo dele morno com chocolate. No capricho. O poderia ainda querer dizer: com barulho?, de liquidificador mesmo. Para os meus filhos é simples assim! Ficou famosa entre meus amigos a frase-despertar da menininha de um ano apenas, reinando entre adultos numa casa de praia, em final de semana: "Quero lete!". Mas como já nasci madura. Nunca fui afeita a copos de leite. Somente em buquês de flores.

Nunca consegui apreciar tal bebida. Exceto bem quente, nunca morna, e com sal e manteiga. Acompanhada de torradas. Jamais pura ou com açúcar. Sinto de imediato a náusea. E, sim, "é de corpo inteiro", Clarice. Santificado seja esse despertar. Vou confessar que o primeiro destino de um movimento meu se põe a pequena distância da cama. Trata-se de um botão. O play.

Música! Até chegar ao fogão e um breve café com tapioca, não abro mão de uma voz suave ao pé-de-ouvido. Depois de cumprido esse ritual estou pronta para todas as estações. Ouvirei a voz de vários diabinhos dizendo dos outros, e em boa parte de si mesmos. Estou pronta para tudo. Como ler Silvina Ocampo:

"Tens cuidado: se elegeres mais coisas do inferno que do céu, iras talvez ao céu, do contrário, se eleger mais coisas do céu que do inferno, corres o risco de ir ao inferno, pois teu amor pelas coisas celestiais denotará mera concupiscência. As leis do céu e do inferno são voláteis. Depende de um ínfimo detalhe que vás de um lugar a outro. Conheço pessoas que por uma chave girada numa gaiola de vime foram ao inferno e outras que por papel de diário ou um copo de leite, ao céu".

Corta. Passo seguinte: vou ao teclado, lembrando de um céu de estrelas sob meu olhar que deita em direção ao rio. São luzes, de uma cidade que adormece. Em paz. De volta às ruas, não me abandona a lembrança do edifício da rua que tem nome de novo despertar. Para mim passou a existir - como já havia a expressão: Te levo pra Aurora! Busco nova sintonia.

Lembro - me claramente do meu olhar fixo no balão colorido enquanto ganhava os céus. De como fui subindo junto com ele, levitando, até que ele parou por instantes, preso na cadeira mais alta da roda-gigante e depois seguiu sua viagem. Era finalzinho de tarde e estava no parque como tantas outras crianças que ostentavam seus balões de gás hélio. Enquanto o meu, havia se perdido. Eu havia deixado escapar... O adulto que me acompanhava ainda tentou consolar minha perda com outros brinquedos coloridos, jogos, algodão doce - também cor - de - rosa - até uma maçã do amor. Igualzinha a da Branca de Neve.

Eu mesma escrevi e lembro perfeitamente do sentimento que tive naquele momento da minha infância. Como é curioso o que a memória escolhe lembrar. Gostaria de poder perguntar a Silvina Ocampo se essa é uma lembrança que me levaria ao céu ao inferno. Afinal, memórias da infância são o que somos. E cada pessoa é mesmo uma sinfonia muito particularmente estranha a qualquer outra, por mais que duas delas se encontrem e estejam bem certas de que são até parecidas.

Desafino. Ah, sim. Quem não desafina? Mas me lembro bem de detalhes preciosos como uma mão trêmula ou um trejeito no canto da boca. Um pé que se mexe. Gostar de detalhes nem sempre salva. Ou absolve. Apenas excede a nossa capacidade de receber. Lidar com tudo que está ao redor já foi até fácil para mim. Fui criando canais, recebendo informações e fazendo-as circular por linhas alternativas de compreensão dos fatos. 

Círculos concêntricos dos sentimentos que estão por trás de cada gesto simples como tirar da mesa a carteira. Ou do bolso da calça a chave do carro. Não quero ser condenada por observar tanto, mas não consigo desligar esta tomada. A cada nova investida do meu olhar suave sei que posso desconectar. Confesso, porque minha rede anda até firme ultimamente.(Agosto 2008).
Não tem nada melhor que a inteligência comum. Nada de pirotecnias ou genialidades. Comece abrindo mão de trocas novas, carinhos irresistíveis. Opte pelo projeto que está em curso, guarde-se um pouco para o que ainda não foi feito. Resista ao impulso de contá-lo. Dê tempo suficiente para que o corpo seja refeito da presença de outra pessoa qualquer e acomode-se no convívio consigo. 
Preze por qualidades e defeitos mais aceitáveis.

Sunday, June 12, 2011

Some Magic

Should I belive in some magic? Why some things happen to us in a different way from others? And we feel like something is happening to us? What kind of surprise could catch us like that! And we can't explain and think: “Ow, it looks like destiny! Amazing!!!” Or anothers fool phrases like these.

It could be because some people look like so especial. So diferent from anothers. And bring us to a tornado of feeling, emotions. What could I say is: “All is on your mind”. Things are like we think they are. If we have a different look for something is because we thought before it must be especial.

But it's nothing compared to what we feel when we trop and face this tornado. Everythin becames confuse and like having no sense. And in the other hand like all life has a significate. Like we was born to that. To live that moment which is so incredible.

At the same time, we accept all these news we also spend hours in a terrible doubt. Reflecting why we should believe in this magic? And just to be more difficult, we have to understand a segund time in magic? A new and different magic again? Excuse me. It's not exactly like that. The really question is: Shoul I believe in some new magic? Or believe that magic is a real thing a segund time?

You say me if it's possible find a segund time the only real import and different people when your found a first time? And how we could go on in life without believe it's possible. So, the logical is that your have to believe that magic includes discover another and second magic in life. New, although you're a new person too. And I make easier. I should believe, and so you, that magic happens again in life. I started.

Thursday, June 09, 2011

Real ou Ficção

Você já se perguntou se é real mesmo ou mera ficção? Já lhe ocorreu avaliar com olhos no espelho quantas frases diz num só dia que nem mesmo você acredita? O assunto me ocupa porque andam a me olhar como quem tem certezas. E para afinar de vez a percepção, resolvi elaborar um pequeno questionário que faria caso incubida da missão de identificar quem é e quem não é real. Para isso, bastam três questões:

1. Enganar a si mesmo quer dizer da falta de entendimento sobre os próprios sentimentos. Confusões do tipo: Estou completamente apaixonada mesmo sabendo que ele não é para mim. Pior ainda, não consigo definir o que sinto por ela ou por ele. Só sei que gosto da sua companhia e vou deixando de lado as dúvidas para estar ao seu lado. Tudo isso é de um desconhecimento completo. E não ajuda no quesito "ser alguém real".

2. Culpar pai ou mãe por tristes adventos. Dúvidas, incertezas, inseguranças, perdas. Tudo isso, para um ser humano confuso precisa de um culpado. Ou culpada. É pior quando se trata de ex-amores. A pessoa parece estar no último estágio da falta de compreensão de si mesmo e por isso precisa do amor, que está longe de ficar fora de controle, para adiar o gesto nobre de desculpar-se.Guardando um pouco de perdão para si mesmo.

3. Mentir. Já cruzamos a linha vermelha. Caímos no abismo. Daqui a distância a percorrer até o mundo real é bem maior. Não é apenas aquele primeiro estágio de uma confusão a cerca dos próprios sentidos e entendimentos. Da própria visão sobre o mundo. E sim uma negação completa do que pode ser a única tábua de salvação de um náufrago do real. Mentir sobre o que faz, se o que sente é maior que amizade e tem a ver com desejo, com quem mora, se está ou não se relacionando com alguém, se é ou não pai de alguma criança solta nesse mundo tão duro. Inventando nomes e compromissos cada vez que sente a pele arder numa máquina detectora. Nesse caso, é fato. Na real, meu caro amigo, você não passa de uma ficção de si mesmo. E o que é mais grave, não teve qualquer ciência ao criar seu personagem.


Vou num esforço de recolher palavras como pedras no caminho. Neste exato instante, o que tenho para oferecer é uma certeza. De quem sabe. Quem olha para mim e sabe. Adoro esse olhar. Mas ele está longe de me deixar tranquila. Quando olham para mim e sabem que eu sei, preciso lidar com isso como quem toca um instrumento. No palco e diante de uma plateia atenta. Não sei dizer mais do que disse. O muro de pedra sobre outra pedra e alguma argamassa é somente dessa altura aqui. Mas quando sei que sabem ao me olharem desse jeito, fico à procura de um que não seja o meu. Desconcertado e tímido. Embora, com tanta certeza.

Tuesday, May 31, 2011

Enlouquecendo Jandira


Num dia estava tão pensativa e acertiva. Dizia frases perfeitas como num sopro de eternidade. Como Bertolucci, em Beleza Roubada. No outro, estava tão desastrada - inclusive com palavras. Sua fala inteira era triste. Como tivesse sacado o parágrafo de um poço sem fundo de mágoas.

Isso ia enlouquecendo o menino lobo homem, que de tão polido foi dado a ser educador. Ao lado dele, ela não sabia mais pensar. Era tão espontânea que não media mais nada. Nem o falar. Seus pensamentos saíam como bichos soltos numa selva.

A pergunta que me faço agora é: se não tinha controle do que lhe saía pela boca, imagine o balé de corpo e as transpirações de Jandira!
Impressão


A frase grudou nela. Mudando seu modo de ler signos. A novidade ficou impregnada nela. Como um incômodo e irreconhecível gomo. O mundo agora era outro. Há frases assim. Qual a surpresa? Fixam e nunca mais conseguimos nos livrar delas. Pensamentos que nos mudam. Pela raiva ou angústia. Mesmo para quem é dado a reagir, tem frase que buzina. Tortura. Azucrina. Quem fixa e é dado a impressões na vida, se sente sem o direito à voz. Todo o entorno vai se transformando num caos sem fim. Atendo às nossas idéias que – como pedras – nos puxam para o abismo. E seguimos no absurdo. O que fazer, então, do futuro? Pular o muro.

Porque quando avós começaram a sair de suas casas, de madrugada, pra trabalhar até o dia ficar escuro - numa máquina de costura - tudo mudou. Minha mãe, aos nove anos, tecia florzinhas na ponta dos dedos até fazer calos. Bolhas inteiras a atormentar a sensibilidade e beleza de suas mãos. Esse tempo chegou e interferiu na próxima geração. O calo no dedo, a perda da aura da flor de tecido fixou como um fato real na insensibilidade. Faltou dor para reconhecer antes mesmo o momento de ferir. Restou nos curar. O que fazer então com a leveza de teclas de um computador? Com toda essa liberdade? O que nos motivou a chegar aqui? A linha da máquina e do tempo... Segui?

Juro que não quis dar um tom maior a essa impressão. A pergunta era sobre o futuro e sobre sua motivação. Quem sabe minha dúvida não se junta à sua? Quem sabe agora a frase não modifica o entorno e o modo deixa de ser alheio porque está também em tanta gente. Deve estar no lugar do meio. A resposta está sempre posta em brechas e brota. Porque existe a verdade das coisas. E ponderar sabendo da infinidade de pontos entre um e outro marco será sempre um recurso. Mas não se pode calar. Quando cedo um pensamento, transformo o mundo. E devo refazê-lo. Antes mesmo que solidifiquem a mentira por expor tão bem seus termos. Mesmo que tenha aprendido a suportar tão bem a dor.

Monday, May 23, 2011

Reflexo


O céu fechou-se em nuvens escuras. Melhor esperar pela chuva. Ver cair cada partícula em sua certeza de tocar o chão. A espera precisa. O salto sobre a poça d’água do homem em suspenso. Bresson é um intervalo de espaço no silêncio. O modo de manter-se noir.  Preto e branco num mundo tão colorido é um alento. Uma memória que socorre aura do não tempo. Daquela caixa que emitia luz e reflexos de nós mesmos. Porque vingança de chuva é molhar a terra.
Para o EnContos:



Fernando fechou a porta da casa. Ficou feliz por rever Renata. Conheceu-a num Reveillon. Na casa de praia em Parati de uma amiga da época da Escola. Estela era o nome dela. Estela tinha um irmão mais novo. O nome dele era Caio. Cabiam numa mão as qualidades de Caio: era o caçula, metido a capeta, cabra cabreiro, estilo caveirinha e cabeça dura feita cascalho. Caio caiu num buraco. Do buraco em que estava Caio pensava. Na época em que passava essas temporadas na casa da praia. Lembrou que nunca mais encontrara as melhores amigas da irmã Estela. Caio caiu de amores por uma delas. Do buraco onde estava, Caio caído de amores como há anos atrás lembrou dos cabelos dourados daquela amiga de Estela. Às vezes, a memória brincava de apagar o nome dela. Mas do buraco onde estava Caiu soltou alucinado, o apelo que lhe apertara por tantos anos o peito, qual um urso urrando, soltou o grito: Cadê Denise?
Pixotes e mortais

Pés e cabelos e roupas molhadas. Banhavam-se no rio. Doce das últimas lembranças. As melhores das que guardaram em memória. Impregnadas lembranças desses meninos cheias de germes em suas roupas e cabelos e pés e peles. Mergulhavam num braço d'água de esgoto e rio. Aos corpos franzinos deles, não faz mal.

Flexeiros, piruetas, saltos e mortais. Pixotes aos bocados aos pinotes no canal. Dinheiro nenhum para a condução. Também lhes falta pão e educação. Na volta pra casa querem morcegar nos ônibus dos homens e mulheres que lhes olham com delação. Condenação. Sem proteção. Os passageiros reprovam. Os motoristas impedem. Os cobradores relepem. É uma avenida de asfalto e água fluida onde possam arremessar o corpo num salto. Fatal impacto.

Pixotes aos pinotes em pés e cabelos e vestes encharcadas de germes e vermes. Rio Doce são as melhores lembranças que trarão na memória da história que construirão.


Visita inesperada

Revi seu rosto com tanta surpresa! Não havia mais aquela fragilidade de sempre. Era um rosto lunar e rubro em maçãs. A forma - que aqui chamamos de corpo - tinha outros contornos. Era maior. Aparentava um metro e oitenta. Não era mais franzina e miúda. Pequena e magra como conheci. Estava em vestes brancas e face rosada. Alta. Bem mais alta que qualquer humano que conviva. Estava acompanhada de dois guardiões. Quem entendi do assunto diz que é sempre assim. Que são guias e não ingressam nos mesmos ambientes. Masculinos no que compreendi. Roupas confortáveis e claras. Entrou no meu quarto, observando cada detalhe de sua simplicidade de cama, janela e roupas em sacolas e malas. Prontas para viagem. Elegante, austera. Ela me olhou com certa preocupação, de início. Curiosidade sobre um amuleto no banquinho que eu mesma fiz. Era do amante que tornava aquela noite menos vazia que as outras noites dos últimos meses. O amuleto que trazia em seu pescoço e eu mesma abri obedecendo o pedido mudo dele. Olhou com ar de aprovação. Sorriu e saiu.

Acordei no instante seguinte. Todos haviam ido. À exceção do amante que continuava ali. O que restou em mim foi uma sensação de calma. Boa companhia. Um certa tranquilidade por sempre reprimir movimentos assim. Logo mais à tarde, pude reler cartas antigas. Cartas que nunca mais havia tocado. Menos ainda com tamanha ternura. Sua imagem em companhia de seus guias não me sai da cabeça. Minha avó paterna está em plena harmonia. Ela que ousou ficar sozinha num tempo em que matrimônios não se desfaziam. Quem sabe também alguma paz será reservada a mim, que como ela, depois da benção em testemunhas, rompi. 

Ela inovou muito mais. Temperava a carne com hortelã. E seu último pedido à nora foi uma cerveja gelada. Quando todos os móveis foram levados pela cheia só falava feliz do moço bonito do corpo de bombeiros que a salvou e a trouxe para um lugar seguro, nos braços. Criava galinhas, comia ovo de capoeira e fazia uma delícia de sobremesa com grão de milho batido em pilão com açúcar e canela chamada "tabaco 60". Uma casa simples que dividia com o filho, que fora seminarista e formou-se em duas faculdades com quatro pós graduações. São muitas lembranças que trago. Ficaram maiores ainda com a visita inesperada.

Saturday, April 16, 2011

Reflexo em céu aberto


Reflexo na água da chuva. Do outro lado da rua, dois homens carregando o espelho onde reflito minha sombra. São sobras de mim. Do meu túmulo, falo. Não sei mais sentir. Não é apenas o medo. Habituei à dor. Penso na precisão de Henri Cartier Bresson. Aguardar pelo instante do ser suspenso. E conseguir um reflexo na água da chuva que lembra bicicleta e alma ao mesmo tempo.

É uma das reflexões mais frequentes. Se desaparecesse? Se a água da chuva derretesse as moléculas frágeis de açúcar? Esta é uma marca fixa dessa geração de múltiplas e interruptas ligações. Um frame a mais e tudo se desfaz. E mais... Serão sempre duas moléculas de hidrogênio para uma de oxigênio, pelo menos enquanto o amor for líquido. Uma para viver o instante. Outra para garantir que haverá mais. Haverão outros. Quem não compreende essas pausas fica assustado e se prende. Ou aprende a não ficar se sentindo acuado no canto da parede.

Sei sobre passes de mágica. Tive que aprender a linguagem do novo. O lúdico, fluido e múltiplo modo do amor. Ia viver essa existência sem compreender se minha estrutura rígida não tivesse rachado. Vira uma armadilha que você mesmo arma e lhe captura. Quis tentar entender ao máximo. Isso complica. Não quer dizer que não se refaça quem inventa outro horizonte que chegar a algum lugar. 




Como na canção dos Beatles. All we need is love. É assim, principalmente entre brasileiros. E brasileiras. Tudo o que queremos é o amor. Ou suas outras formas. Parece a única maneira de nos perdoar por morar no paraíso. Ganhar um solo em que se plantando tudo dá. Pena que não se distribui o pão e o chão. E crianças guardam seus sonhos em suas caixas de origem. Ser amado e ficar livre também pode ser um risco. A busca por alguma alegria e prazer precisa incluir o aprendizado da completude do ser.


Então, minha imagem brota da liberdade de estar suspensa. De experimentar os fenômenos da Natureza. Quanto mais grandiosa ela for. As duas feras ficam duelando. Solidão e liberdade. Culpa e vontade de amor. Coragem de olhar para frente às vezes por inventar estar descrente que o amor acontece novamente um dia. Sempre. O amor acontece sempre que alguma fenomenologia aparente se mistura a acasos. Frases que encaixam. Imagens e similitudes que cabem no coração e na mente. Isso que também pode ser chamado de força de uma alegria contente. E brota uma verdade de ir crescendo.


É preciso querer com o coração e disciplinar os momentos. Editá-los. Usar palavras gentis e gerenciar atos nos fatos que envolvem o sentimento. É para quem é solar. Não pode escurecer ou anoitecer. Fazer o relógio marcar apenas as horas do dia. Porque nisso vai incluido epifanias.  Como congelar um instante em fotografia.


Empenho no que sobrou desse tempo esforço danado em ser responsável pelo meu e pelo sentimento. Porque seduzir é mesmo uma compulsão, às vezes. Mais força demonstro ao resistir. Pelo menos é real. E não reflexo em céu aberto, por espelho da água da chuva onde encontro com precisão imagem de mim mesma que inventei. Como na fotografia citada que revela o inconsciente ótico do fotógrafo. Soube quando a psicanálise revelou o inconsciente pulsional e mostrou o que eu não via.

Tuesday, April 12, 2011

O texto mais acessado:  Instantes do livro A Felicidade, Ensaio sobre a Alegria, de Robert Misrahi. Sobre Misrahi, nascido em 1926, na França. Vasta obra dedicada ao estudo da Felicidade, especialista em Baruch Spinoza.

Resumo de estudos:

Aristóteles - filósofo grego, discípulo de Platão. Entre os grandes filósofos do mundo. Criou a terminologia da ciência e da filosofia, usadas até os dias atuais.

Obras: Política, Metafísica e Ética. significação existencial da ética

Frase: "A Felicidade consiste em fazer o bem". Aristóteles (384 - 322 a.C.)

"O questionamento mais original, mais concreto e mais vasto sobre os sentidos (orientação e significaçã) e conteúdos que queremos dar à nossa vida, à nossa existência é precisamente o que se chama de ética".

Por que se apresenta à reflexão essa interrogação ética sobre a ação e a existência?, pergunta Misrahi. Primeiro é a própria liberdade de ação que justifica a interrogação sobre os fins da ação ("futuro melhor").

"O que é concretamente almejado, através da idéia de uma vida melhor, é a experiência contínua de uma vida substancial" (Felicidade!)

"Essa experiência qualitativa implica ao mesmo tempo à densidade de um prazer espiritual e existencial e à transparência de uma consciência capaz de reflexão que se caracterize pela adesão à sua própria vida e às suas próprias escolhas." Misrahi.

A "experiência qualitativa" que é a da plenitude e do sentido, perderia toda sua 'substancialidade', toda sua espessura existencial e dinâmica se ela fosse apenas passageira (isso se chama Alegria). A Felicidade para merecer realmente esse nome, implica a duração e a permanência da experiência que a constituiu.

Essa experiência de ser não é a experiência mística de um ser transcendente que pudéssemos aprender na noite da inteligência e no êxtase da alma; ela não é a experiência do ser, mas sim a experiência de ser.

Para Mr. Autumn

Monday, April 11, 2011

Pré-postagem

Sinto uma paixão vindo. Como esse amor ocupa meus pensamentos, tudo tem agora  novo significado. É como se devolvesse valores perdidos. Uma paixão somente. Capaz de fazer tudo isso. Embora esteja desenhando em mim um laço. É diferente do real, ao mesmo tempo presente.  Tem data e nasceu na gentileza. Num aniversário. A partir deste dia, são todos teus, para mim.  Aniversários e diias do ano. De um jeito que eu:

Seria romântica e tola todas as horas do dia. Alimentaria o gosto por ter mais saúde! Cuidar da casa. do espírito. Como se minha alma, que conheci em ternura de infância, voltasse pra perto de mim. E enquanto não compreendo o que a afastou tanto de assim fazia perguntas sem nenhuma ordem ou sentido, como: Me dá um cigarro. Hoje não. Hoje são flores que trago.
É a pergunta quem dá início a tudo...

- Tia, me dá um trocado?
- Tá, mesmo não tendo "idade" para ser sua tia, eu troco com você! Tá aqui uma barra de "leite condensado caramelizado, com flocos crocante, e o delicioso chocolate que não preciso dizer o nome". É seu. Se puder me responder também a uma pergunta: Você sabe guardar um segredo?

Os olhos de um branco destacado na pele tão negra e de uma expressão ainda triste vão se abrindo mais... A cabeça balança afirmativa e a boca, enfim, morde o doce. A próxima pergunta, vinda da pequena, já é outra:

- Que horas são?
Textos mais acessados:

Abril... Solar!!!

Perdoo - me a péssima literatura que tenho produzido. Desculpo – me todas as asneiras que digo solta das amarras, pelo álcool. O mito está criado. A coisa tem nome e sobrenome. Eu encaixo como acorde sustenido. Por que ficar ao lado de outro? Por que, de princípio, existe um prazer, uma agradável sensação de calma e paz com a presença do outro e com o passar do tempo, ou dos episódios, não parece mais tão oportuno assim?


Bem estar! Nisso mora todo o segredo. Habita todo o mistério. Assim é de incontestável beleza. É preciso sentir, muito. Sentir de imediato para não ressentir depois. A coisa está no instante dos fatos. Não há o outro lado. O outro dia triste, o depois. Existe o instante vivo e luminoso. Sinais para que seja cumprido o desejo. Da vontade de ser pego. Nem precisa prova ou evidência, não é mais do que o que já foi dito.

Amor  puro, fresco, latente e de deixar lassa é uma mistura de uma química de décadas e de atitude! Genética: história impressa em retinas e códigos do genoma, impulsos domados pelo raciocínio rápido e pelo desejo. Como no balé da águia no céu azul e imenso. O prazer do vôo, a anatomia favorável, asas e olhar treinado. A exata e precisa calma de um caçador experiente que aprendeu a matar a fome, que precisa existir. Dor, fome, dúvida. Do outro lado: Prazer, Sabedoria e é. Amor se faz descrendo. Afirma - se na incerteza dos fatos.
No limite da configuração da dúvida. Prazer é uma parte incontestável do processo de consolidação do desejo, da configuração do amor. Existem os livros então, senão, tudo se perderia no espaço findo da matéria e do esquecimento, na limitação cômoda do humano que quando se forma ou sente um prazer cômodo, pára e interrompe o processo. Existe busca e troca. Porque se num ser é findo, no outro continua de outro modo. Memorável e infinito. Pelos códigos e pelo caminho do outro. É seguro. E há o orgulho, a blasfêmia, a arrogância, o cínico mérito posto que desfaz do futuro em divulgação do passado.

A coisa estará ali para sempre tanto quanto mais for dita e visitada. E é preciso muita dúvida, muito impulso de busca para continuar elaborando e estar em mais mistério de desmembramento alumbramento revelação do novo. É preciso uma falta, um defeito disso, formado assim, preparado para o que é posto para que se continue buscando em mistério e imagens e sentimentos confusos nos limites dos fatos a nova passagem e compor.
Ultrapassar sem tanta carga e, de fato, precavido não pode deixar do outro lado o justo sentimento, ou pensamento, ou lembrança que encaixa. Daqui, desse estreito caminho por onde passamos juntos agora está muito além e distante a palavra que motivou a busca, o nome da coisa, o sentimento mais semelhante encontrado entre as cordas do músculo e as medidas aceleradas do pulso, de pupilas que dilatam, sem recurso caro e de pó branco.
Amor assim vai virando um sólido bloco de valores culturais de coisa feita, comprada, erguida e polida pelos mais corajosos. Há aqueles que não movem uma filigrana sequer de si mesmos diante do lugar onde haveria susto ou incômodo, incompreensão. Onde haveria medo. Não. Não onde há a força sem nome da lembrança do instinto mais primitivo e leal ao bem estar de si mesmo. A cumplicidade com o outro gera tudo que a ciência já resolve e explica: boa genética. Mais cumplicidade. Um ser novo em harmonia. Consigo mesmo constrói melhor.

Assim há um e é possível então haver outro e então, por motivos e sentidos outros, existirem dois. Uma para uma em séculos de construção. E por que se fragmentam, então? Por que há a ruptura do que poderia estar ali e cada vez mais cheio e sólido e no caminho certo das descobertas elucidadas e incorporadas ao modo, jeito, gestos, trejeitos? Por que no ambiente da certeza vão se sucedendo desencontros e o não querer substitui o desejo inicial que movia a coisa?

O "it", Clarice! Por que no instante em que está mais afeito e adestrado o humano, a raiva e a intolerância e a dúvida racham e fatiam o que estava a pleno vigor de movimento aos saltos e cambalhotas e peripécias alegres de seres completos em seus rastros felizes de lembranças dormentes? Por que lágrimas estão sempre presentes no limite da dor? Água e sal produzidos pelo perfeito mecanismo de organismos vivos do imperfeito humano. Por que a pergunta se responde em vazios que a afirmação não preenche nem ocupa? De onde vêem e para onde vão os sinais e encontros falidos? Falhados?

Em que dose é possível suportar e assistir a busca, desacompanhado e fingindo de quem acaso se casou e dedicou ao outro o que é somente da pessoa. Eu caio novamente na corrente de uma literatura de mau gosto e superfície plana sem apreensão de sons ou fatos. Apenas mito, que sobrevive à custa dos desejos contidos e dos planos infantis guardados em mentes buliçosas e que se colocam no limite, ali pertinho do vale disposto a devorar o vazio, à exceção do que era seu. Há em forma a abundância do querer contido no colo e nas costas. Para as que são guiadas pela Lua e pelos que pressentem diuturnamente o sol em seus ombros frágeis. Fazendo deles cada vez mais largos. Costas, com melhores formas. Vão sendo inventadas pelo divino e conseqüente movimento de absolvição de informações valorosas e amalgamáveis pelos genomas tornados códigos genéticos ao longo de muitos e muitos anos.

Costas e pupilas. Está ali o segredo contido no coração deles. Costas e mãos e olhos. Em noites de histórias e músicas suaves sopradas aos ouvidos. Mexidos em algodão de um doce girar, mexendo na percepção fina de sentidos ativada num jeito de adivinhar. Entrar em contato com esse fluxo torna tão viva a hora do dia que o passar de um lado para o outro do globo fica suave com o olhar certo. Porque é preciso que continue quando o desejo é mais sereno e calmo. É necessário ir de um a outro como quem constrói a partir de metades, o primeiro passo. A verdade que é esse conceito relativo e múltiplo muitas vezes deixa ver o que um desejo maior calcula, imprime.
Maravilhoso ter você aqui. Muito grata!
Wonderful to have you here. Very grateful!
Heerlijk om hier te hebben. Zeer dankbaar!
Замечательно, что вы здесь. Очень благодарен!
Wonderful dass Sie hier sind. Sehr dankbar!
ここを持っている素晴らしい非常に感謝
여기에 당신 가지고 좋아요. 정말 감사!
Čudovito, da ste tukaj. Zelo hvaležni!
Báječné, že ste tu. Veľmi vďačný!
Merveilleux de vous avoir ici. Très reconnaissante!