Lugar da delicadeza com o outro e com a própria Liberdade.

Onde se está de acordo com o único modo do humano de ser feliz

Thursday, March 24, 2011

foto: Julia Margeret Cameron


Perdão

Não gaste essa palavra. Entre nós não pode haver sentimento de culpa. Desculpas. Não há pelo que pedir perdão. Há de haver inteireza no pensamento e nos sentimentos que dispomos de um para o outro. É que por mais misteriosa que seja a flor do amor, é regando e convivendo com sua inusitada existência que aprendemos dia a dia e compreendemos noite após noite a relevante presença em nossa vida a euforia do amor se faz na velocidade do encontro dos corpos carentes. Necessitados do toque.

- Quero tuas mãos em todo o meu corpo. Desperta cada célula condicionada à retração pela violência do mundo que enfrento quase moribundo.

A fração do tempo de que dispomos foi o tempo preciso do acender a chama que já ardia e ainda queima em nossos corpos. O peito pleno pela esperança de um novo encontro. Um outro momento a sós. Aquecendo mutuamente nossas peles endurecidas pelo sol a pino. De existências onde não nos poupamos. Não evitamos sequer o risco de nos expor à morte silenciosa. Muda e invisível a outros olhos. O pequeno intervalo da espera de juntar nossas carcaças suadas e cansadas deve-se apenas ao envolvimento apaixonado promovido por nosso livre pensar. Nossas semelhanças em idéias sobre o mundo. Avanços e conquistas do nosso entendimento sobre tudo.

- Estava até esquecida de como é bom sentir-me aquecida que não por esses lençóis frágeis onde me faço a cada noite um casulo de borboleta colorida. Estou completamente envolta agora no leve e doce despertar de conhecer-te. Do que vislumbramos na imensa trajetória a nos reservada nessa busca de descobrirmos um outro.

- Nós que somos tão diferentes. Eu tão diferente de ti quanto de tu de mim. Eu que tanto desconheço meu próprio eu. Como é provável aconteça da mesma forma contigo. Já sinto que estamos em igual desejo de querer um ao outro.

- Mais e mais e mais e mais...

- Vem assim. Sempre. Inteira. Mesmo que a ti pareça que eu não queira. Vem assim. Assim e assim e assim... Porque  por mais misteriosa que seja a flor do amor, será apenas regando-a que a faremos vibrante. Viva! Será apenas convivendo com sua inusitada existência que aprendemos dia a dia e compreendemos noite após noite a relevante presença dessa que desabrocha em nossa vida.

- Saiba também você que tem liberdade franqueada no meu coração. Em teus sim's e teus não's. Porque está aqui presente o desejo e já é fatal a voluptuosa mistura dos nossos corpos. A inexorável e incontrolável afeição de nossas mentes. Até então dormentes para os sentimentos mais plenos provocados pela emoção dessa paixão que agora nos ocupa e preenche.

- É incontestável. Impossível ater-se a outra crença que não se pode dizer sim à vida que se faz a partir de agora. Viver só faz algum sentido se for intenso. Real é aquilo que tornamos fatos com palavras e atos na direção do amor. É inevitável. Imperdoável, se não for assim.

Wednesday, March 23, 2011

Drama em voz feminina

“Cada fracasso ensina ao homem o que ele precisava aprender
Charles Dickens


Caro Anjo bom,

Conecto-me novamente a você. Engulo meu orgulho do sentimento de abandono que tive. Sei hoje que sempre esteve comigo, mesmo quando foi difícil nossa sintonia. Fraca de sinal. Ainda posso ouvir sua música a cada instante e em todo momento. Ainda sinto me muito só! 

Mas nessas horas em que sonho contigo, consigo ver teu sorriso colando em meu ouvido. Ora cuidando dos meus filhos queridos, ora cuidando de mim, ora dos meus amigos. Amo a ti para sempre meu Anjo! Um sempre que é também o tempo todo. 

Estou muito feliz hoje porque ainda há tempo de festejar o teu dia preferido. Acenderei velas por isso. Atearíamos fogo na lenha fazendo a mais linda fogueira estivéssemos juntinhos. Mas tenho fé que um dia ficaremos mais próximos novamente. Mesmo sem tua presença há tua alegria nova ainda em mim com uma paz que não havia. Uma liberdade de sentidos. É uma alegria calma, como na noite escura de Clarice.

Mesmo que eu esteja cheia apenas da minha mesma alma agora, sei muito bem quem eu fui, nos tempos do Olimpo. Sei que fui eu que comecei a desenhar o fim. Lembrei de mim há pouco. Estava no meu corpo por empréstimo de mim mesma. Sei que não será consolo dizer que não era eu. Ou que sendo em mesma, naquele momento, estivesse eu ciente, agiria de outra forma. É a mais pura verdade. Houve em mim vaidade. 

Parece que precisava andar até onde andei me perder da minha alma algumas vezes e me fazer alguém nova. Alguém com quem eu possa me reconhecer. Perdoei a mim mesma e por motivos firmes, sólidos. Sobra hoje esse perdão. Estarei sempre no mundo com o propósito de dar o melhor aos filhos. Mesmo quando matematicamente não for possível. Mas saberei sempre fazê-los crescerem felizes. Sem espaço para qualquer milímetro de dúvida. 

Por isso, agora, te escrevo meu Anjo, e escrevo. É que estou eu em grande dúvida, do teu amor por mim. Sei que não deveria ser essa a minha busca, mas é que parece que todo o tudo que existe vem depois dessa certeza tão improvável. Sei que podes dizer de mim agora que sou tão imatura. Insegura. Vou me reconhecer e encontrar me em meu lugar. Mesmo que hoje pareça difícil, creio, por visões do cinema, que eu sei por onde começar. Meu pássaro azul, deve estar preso em mim mesma.

Sinto-me agora como em três verões, milhares de banhos de mar. Sinto o sal – grudado no espírito! – novamente brilhando impregnado no corpo ao sol. Serei sempre doce contigo. Serei mais que este ser humano perdido. Vou tornar definitivo esse amor sem idas e vindas. Aprendi muito, mas esqueci o que ensinam as ondas do mar. 

Porque tudo que quero da felicidade na vida é ser eternamente. A felicidade para mim é terna. E infinita. Eternidade é a melhor palavra que encontrei para te dar de presente. É visível. Porque você sempre existirá mesmo que eu não possa te ver. Toda a certeza da beleza da minha vida voltou quando comecei a entender meu papel.  Agora posso ver. Por isso, perdoando poderei novamente viver com a minha alma. Sem qualquer sombra de dúvida. Na certeza de pressentir tua existência, meu caro anjo da guarda.

Friday, March 18, 2011

"A nuvem radiotiativa de uma usina nuclear fica contida no raio de trinta quilômetros da área atingida". 


A gente acredita. 


Do que eu posso entender, o homem não precisa inventar guerras e usinas como remédio contra o tédio. Os desastres naturais ocupam mais. Cuidar do que restou, satisfaz?

Thursday, March 10, 2011

Esses olhos alimentam a fantasia. 
Olhar sem poesia diferença faria?