Pixotes e mortais
Pés e cabelos e roupas molhadas. Banhavam-se no rio. Doce das últimas lembranças. As melhores das que guardaram em memória. Impregnadas lembranças desses meninos cheias de germes em suas roupas e cabelos e pés e peles. Mergulhavam num braço d'água de esgoto e rio. Aos corpos franzinos deles, não faz mal.
Flexeiros, piruetas, saltos e mortais. Pixotes aos bocados aos pinotes no canal. Dinheiro nenhum para a condução. Também lhes falta pão e educação. Na volta pra casa querem morcegar nos ônibus dos homens e mulheres que lhes olham com delação. Condenação. Sem proteção. Os passageiros reprovam. Os motoristas impedem. Os cobradores relepem. É uma avenida de asfalto e água fluida onde possam arremessar o corpo num salto. Fatal impacto.
Pixotes aos pinotes em pés e cabelos e vestes encharcadas de germes e vermes. Rio Doce são as melhores lembranças que trarão na memória da história que construirão.
2 comments:
Belo poema, Geórgia.
Beijos
Que bom reencontrá-la Geruza
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