Lugar da delicadeza com o outro e com a própria Liberdade.

Onde se está de acordo com o único modo do humano de ser feliz

Thursday, June 30, 2011

 Ágapo pelo Traço Freudiano

A peça de Carlos Santos impressionou pela liberdade dirigida a preencher grande lacuna do entendimento humano. Ontem, durante a sua leitura dramática, numa das salas da Fundaj, no Derby, fomos transportados  para uma Tebas que era ao mesmo tempo daquela e dessa época. Com a criação do personagem Ágapo facilitou entre nós - seres femininos e masculinos - a comunicação com sentimentos diante da figura ambígua que se interpela na relação conturbada do rei Laio e a rainha Jocasta. Já antes perturbada pela expulsão do primogênito Édipo. Quais os dilemas que afligem esses homens e mulheres que deparam-se com os filhos que desconheceram por toda uma vida e agora são capazes de cobrir o corpo com vestes de mulher em busca do olhar desse pai distante? Senti minha ansiedade diante do término com a fuga de Ágapo para os campos. Gostaria que a noite não terminasse e esse Ágapo ganhasse a voz que merece.

Wednesday, June 29, 2011

Non Stop

Quando Recife esfria assim tudo é tão diferente - ao menos até o retorno do sol - que sinto uma certa dispersão. Nessa hora, como precisasse de algo novo, arrisco uma select e bom livro de bolso. Dessa vez, quis reencontrar Martha Medeiros. De todas as crônicas divertidas e bem articuladas da autora não consigo identificar uma mais casual que a primeira. O ponto G. Martha dá a dica mais relevante - na minha opinião - para diminuir distâncias entre os sexos. O nosso ponto crucial, não se resume a um. São dois. Mais do que aquele de difícil alcance no interno universo do corpo feminino, o canal de acesso para o temporal de hormônios capaz de fazer navegar qualquer arca de noé são nossos ouvidos. Boas frases, sem exageros, hipérboles, apenas com alguma coragem de verdade simples, e velejaremos de volta ao paraíso. 

Tuesday, June 21, 2011

Há mais que silêncio e palavras. Estamos sempre entre escolhas difícéis.O que resta na convivência com o outro? Talvez não seja nem o silêncio, nem qualquer palavra. Apenas o riso.

Sunday, June 19, 2011

A big shot. The truth.
Organize and sold pieces.

Saturday, June 18, 2011

The nomad


More than read or write,
she has to change from place to place.
She must travelling all her life.
She can not obey any other order.


Friday, June 17, 2011

Thursday, June 16, 2011

Nos anos 60 tudo era uma questão de dar pouca importância às tristezas e fazer da alegria uma coisa monumental. E agora?

Wednesday, June 15, 2011


Alô!!!


Neste exato instante há uma moça ao telefone, de cabelos tingidos, o corpo fino e magro, que está na Conde da Boa Vista, a alimentar fragilidades.

- Por que não pode vir me buscar? Raros os ônibus. É greve geral - e a voz já a embargar.

A grande ilusão de uma mulher, ainda moça ou menina, é entender para si mesma alguma fragilidade. Não aceite que alimentem. Restará a você papel insuportável.

Tuesday, June 14, 2011


Moldávia

Até uma semana atrás não havia sequer ouvido em toda a minha vida este nome. Moldávia. Ou de sua capital Chisinau. Agora, já tomei conhecimento até mesmo de fatos inusitados. Como o surgimento de uma cruz no céu da República de Moldova que assombrou a todos. Impressionou alguns e foi vista sem nenhum entusiasmo por outros. Tenho adquirido conhecimento sobre seus bosques e clubes e parques verdes gelados. Assombrados. Cenários de terríveis histórias de mortes atribuídas à menina ruiva. A mesma Moldávia dos passeios de barco no lago Komsomolsk. E a tristeza em seu cemitério. Deve haver uma singular alegria nos que vivem na República da Moldava. O fato é que ainda é do meu completo desconhecimento.
Carminha

Menina dos pés descalços em asas e saltos! Pare um pouco e respire fundo. Não se perca em duro asfalto. Correndo tanto por esse mundo. Já sabe onde quer chegar? Não lhe bastam as fronteiras da Torre? Não aprendeu modo simples de caminhar. Parece sempre voar baixo e não quer nunca mais parar. Menina de vestido rasgado, seu sonho é ir no mercado, comprar tecido florido e adereço rendado. Aposto que essa menina dos pés tão alados, em seus sonhos paga mesmo um dobrado, pra ter seu canto de terra e casa de vasto telhado.

Frequenta a igreja da torre, a missa pra santa luzia, sabe de cor salteado cada trecho do livro litúrgico. Não perde as contas do terço, lida com os fundamentos da igreja, de um jeito mais que cirúrgico. Repele os olhares sobre ela, porque vai se manter donzela, até que um dia lhe caia de amores, o primo caçula que apelidou-lhe gazela.

Essa menina, escute agora, a prece que faço por ti, que nesse mês de festejos juninos todos os santos protejam teus sonhos, não apenas o santo de nome antônio. Mas também o João e o indeciso Pedro que por três vezes negou o amor e dedicação à essa filha do meio. Que toda abundância recaia sobre a terra que com carinho tocaia, zela e trabalha diariamente nela.

Por tudo que já fez pelos filhos, irmãos, primos, primas, sobrinhas e sobrinhos. Por todos que em tua vida ajudaste regando teu sonho de construir um bom ninho. Onde nos dias de sol acolhe a familia e os amigos e em dias de chuva chora tua solidão baixinho.

Monday, June 13, 2011

Soube no momento em que lia Walter Benjamin que pela primeira vez me faria feliz ser tomada de assalto. A sua narrativa de uma filosofia histórica facilmente oferece a compreensão dos novos tempos a partir do que perdemos e ganhamos - qaundo sim - na reprodução. De um tempo de liberdades e desapegos. Responsabilidades em suas conexões. Da criação de um novo mundo que como semente mataria a própria erva daninha dominante. Karl Marx previa o futuro. Benjamin oferecia nos seu manual de instruções.
Círculos concêntricos em sintonia fina

Ocupam-me as coisas divinas e as menos avançadas - para usar palavra branda - e conceitos modernos. Andei pelas ruas, outro dia, escolhendo: qual das minhas lembranças vão "me salvar"? São todas minhas, eu sei. Não caíram do céu ou brotaram do inferno. Eu e minha cabecinha tão criativa fomos buscá-las. Cada uma. E quando digo isso é uma a uma mesmo!

Despertar sozinha ao brotar do dia, dá nisso. Sem qualquer humor, somente com simplicidade, eu digo: Não, não será um remédio para enxaqueca ou dores de estômago. Muito menos para os ânimos. Sim, se eu fosse afeita a leite, seria um copo dele morno com chocolate. No capricho. O poderia ainda querer dizer: com barulho?, de liquidificador mesmo. Para os meus filhos é simples assim! Ficou famosa entre meus amigos a frase-despertar da menininha de um ano apenas, reinando entre adultos numa casa de praia, em final de semana: "Quero lete!". Mas como já nasci madura. Nunca fui afeita a copos de leite. Somente em buquês de flores.

Nunca consegui apreciar tal bebida. Exceto bem quente, nunca morna, e com sal e manteiga. Acompanhada de torradas. Jamais pura ou com açúcar. Sinto de imediato a náusea. E, sim, "é de corpo inteiro", Clarice. Santificado seja esse despertar. Vou confessar que o primeiro destino de um movimento meu se põe a pequena distância da cama. Trata-se de um botão. O play.

Música! Até chegar ao fogão e um breve café com tapioca, não abro mão de uma voz suave ao pé-de-ouvido. Depois de cumprido esse ritual estou pronta para todas as estações. Ouvirei a voz de vários diabinhos dizendo dos outros, e em boa parte de si mesmos. Estou pronta para tudo. Como ler Silvina Ocampo:

"Tens cuidado: se elegeres mais coisas do inferno que do céu, iras talvez ao céu, do contrário, se eleger mais coisas do céu que do inferno, corres o risco de ir ao inferno, pois teu amor pelas coisas celestiais denotará mera concupiscência. As leis do céu e do inferno são voláteis. Depende de um ínfimo detalhe que vás de um lugar a outro. Conheço pessoas que por uma chave girada numa gaiola de vime foram ao inferno e outras que por papel de diário ou um copo de leite, ao céu".

Corta. Passo seguinte: vou ao teclado, lembrando de um céu de estrelas sob meu olhar que deita em direção ao rio. São luzes, de uma cidade que adormece. Em paz. De volta às ruas, não me abandona a lembrança do edifício da rua que tem nome de novo despertar. Para mim passou a existir - como já havia a expressão: Te levo pra Aurora! Busco nova sintonia.

Lembro - me claramente do meu olhar fixo no balão colorido enquanto ganhava os céus. De como fui subindo junto com ele, levitando, até que ele parou por instantes, preso na cadeira mais alta da roda-gigante e depois seguiu sua viagem. Era finalzinho de tarde e estava no parque como tantas outras crianças que ostentavam seus balões de gás hélio. Enquanto o meu, havia se perdido. Eu havia deixado escapar... O adulto que me acompanhava ainda tentou consolar minha perda com outros brinquedos coloridos, jogos, algodão doce - também cor - de - rosa - até uma maçã do amor. Igualzinha a da Branca de Neve.

Eu mesma escrevi e lembro perfeitamente do sentimento que tive naquele momento da minha infância. Como é curioso o que a memória escolhe lembrar. Gostaria de poder perguntar a Silvina Ocampo se essa é uma lembrança que me levaria ao céu ao inferno. Afinal, memórias da infância são o que somos. E cada pessoa é mesmo uma sinfonia muito particularmente estranha a qualquer outra, por mais que duas delas se encontrem e estejam bem certas de que são até parecidas.

Desafino. Ah, sim. Quem não desafina? Mas me lembro bem de detalhes preciosos como uma mão trêmula ou um trejeito no canto da boca. Um pé que se mexe. Gostar de detalhes nem sempre salva. Ou absolve. Apenas excede a nossa capacidade de receber. Lidar com tudo que está ao redor já foi até fácil para mim. Fui criando canais, recebendo informações e fazendo-as circular por linhas alternativas de compreensão dos fatos. 

Círculos concêntricos dos sentimentos que estão por trás de cada gesto simples como tirar da mesa a carteira. Ou do bolso da calça a chave do carro. Não quero ser condenada por observar tanto, mas não consigo desligar esta tomada. A cada nova investida do meu olhar suave sei que posso desconectar. Confesso, porque minha rede anda até firme ultimamente.(Agosto 2008).
Não tem nada melhor que a inteligência comum. Nada de pirotecnias ou genialidades. Comece abrindo mão de trocas novas, carinhos irresistíveis. Opte pelo projeto que está em curso, guarde-se um pouco para o que ainda não foi feito. Resista ao impulso de contá-lo. Dê tempo suficiente para que o corpo seja refeito da presença de outra pessoa qualquer e acomode-se no convívio consigo. 
Preze por qualidades e defeitos mais aceitáveis.

Sunday, June 12, 2011

Some Magic

Should I belive in some magic? Why some things happen to us in a different way from others? And we feel like something is happening to us? What kind of surprise could catch us like that! And we can't explain and think: “Ow, it looks like destiny! Amazing!!!” Or anothers fool phrases like these.

It could be because some people look like so especial. So diferent from anothers. And bring us to a tornado of feeling, emotions. What could I say is: “All is on your mind”. Things are like we think they are. If we have a different look for something is because we thought before it must be especial.

But it's nothing compared to what we feel when we trop and face this tornado. Everythin becames confuse and like having no sense. And in the other hand like all life has a significate. Like we was born to that. To live that moment which is so incredible.

At the same time, we accept all these news we also spend hours in a terrible doubt. Reflecting why we should believe in this magic? And just to be more difficult, we have to understand a segund time in magic? A new and different magic again? Excuse me. It's not exactly like that. The really question is: Shoul I believe in some new magic? Or believe that magic is a real thing a segund time?

You say me if it's possible find a segund time the only real import and different people when your found a first time? And how we could go on in life without believe it's possible. So, the logical is that your have to believe that magic includes discover another and second magic in life. New, although you're a new person too. And I make easier. I should believe, and so you, that magic happens again in life. I started.

Thursday, June 09, 2011

Real ou Ficção

Você já se perguntou se é real mesmo ou mera ficção? Já lhe ocorreu avaliar com olhos no espelho quantas frases diz num só dia que nem mesmo você acredita? O assunto me ocupa porque andam a me olhar como quem tem certezas. E para afinar de vez a percepção, resolvi elaborar um pequeno questionário que faria caso incubida da missão de identificar quem é e quem não é real. Para isso, bastam três questões:

1. Enganar a si mesmo quer dizer da falta de entendimento sobre os próprios sentimentos. Confusões do tipo: Estou completamente apaixonada mesmo sabendo que ele não é para mim. Pior ainda, não consigo definir o que sinto por ela ou por ele. Só sei que gosto da sua companhia e vou deixando de lado as dúvidas para estar ao seu lado. Tudo isso é de um desconhecimento completo. E não ajuda no quesito "ser alguém real".

2. Culpar pai ou mãe por tristes adventos. Dúvidas, incertezas, inseguranças, perdas. Tudo isso, para um ser humano confuso precisa de um culpado. Ou culpada. É pior quando se trata de ex-amores. A pessoa parece estar no último estágio da falta de compreensão de si mesmo e por isso precisa do amor, que está longe de ficar fora de controle, para adiar o gesto nobre de desculpar-se.Guardando um pouco de perdão para si mesmo.

3. Mentir. Já cruzamos a linha vermelha. Caímos no abismo. Daqui a distância a percorrer até o mundo real é bem maior. Não é apenas aquele primeiro estágio de uma confusão a cerca dos próprios sentidos e entendimentos. Da própria visão sobre o mundo. E sim uma negação completa do que pode ser a única tábua de salvação de um náufrago do real. Mentir sobre o que faz, se o que sente é maior que amizade e tem a ver com desejo, com quem mora, se está ou não se relacionando com alguém, se é ou não pai de alguma criança solta nesse mundo tão duro. Inventando nomes e compromissos cada vez que sente a pele arder numa máquina detectora. Nesse caso, é fato. Na real, meu caro amigo, você não passa de uma ficção de si mesmo. E o que é mais grave, não teve qualquer ciência ao criar seu personagem.


Vou num esforço de recolher palavras como pedras no caminho. Neste exato instante, o que tenho para oferecer é uma certeza. De quem sabe. Quem olha para mim e sabe. Adoro esse olhar. Mas ele está longe de me deixar tranquila. Quando olham para mim e sabem que eu sei, preciso lidar com isso como quem toca um instrumento. No palco e diante de uma plateia atenta. Não sei dizer mais do que disse. O muro de pedra sobre outra pedra e alguma argamassa é somente dessa altura aqui. Mas quando sei que sabem ao me olharem desse jeito, fico à procura de um que não seja o meu. Desconcertado e tímido. Embora, com tanta certeza.