Lugar da delicadeza com o outro e com a própria Liberdade.

Onde se está de acordo com o único modo do humano de ser feliz

Wednesday, June 27, 2007



"Quando eu tenho uma sensação nova ela me estranha e eu a estranho. Também não suporto a felicidade aguda e solitária de me sentir feliz. Falta - me serenidade para receber as boas novas. Quando fico feliz, me torno nervosa e agitada. A luz faísca brilhante demais para os meus pobres olhos".

(Clarice Lispector. Na personagem Ângela Pralini em Um sopro de vida - pulsações - páginas 78 e 79 - Rocco).

Na "Carta sobre a Felicidade" está tradução do que Epicuro sugere a Meneceu: 'que o prazer, como bem principal e inato, não é algo que deva ser buscado a todo custo e indiscriminadamente, já que às vezes pode resultar em dor. Do mesmo modo, uma dor nem sempre deve ser evitada, já que pode resultar em prazer. De qualquer maneira, recomenda - se uma conduta comedida em relação aos prazeres valendo, para este caso, aquele mesmo princípio da qualidade em detrimento da quantidade. Finalmente, o homem (ou mulher!) sábio, para Epicuro, jamis deve acreditar cegamente no destino e na sorte como se estes fossem fatalidades inexoráveis e sem esperança, parecendo despontar aqui aquela sua crença na vontade e na liberdade do humano.' Assim compreendia também Clarice, por palavras de Ângela, a felicidade...

Friday, June 01, 2007


"ISTO NÃO É UM LAMENTO, é um grito de ave de rapina. Irisada e intranqüila. O beijo no rosto morto. Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos.

De repente as coisas não precisam mais fazer sentido. Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. De certo tudo deve estar sendo o que é."
Um sopro de Vida. Pag. 13
Tudo é apenas e somente o que de fato e, muito no íntimo, é. Não adianta querer mudar a natureza das coisas...muito menos das pessoas. Transformações existem quando se soma um elemento a outro. Uma substância a outra, ou outras. É possível calcular riscos? É possível mensurar ou quantificar o movimento? O que é, é o que de fato existe e sempre existiu. Não há desengano maior para a morte que imaginar a ausência de vida na própria vida. Clarice teve certeza que sim. Com olhos agudos e um sorriso de complacência. Junto - me aos que crêem. Silenciosamente,