Lugar da delicadeza com o outro e com a própria Liberdade.

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Saturday, May 30, 2009

Calendário


Um sopro levinho de vento paginou as folhinhas prateadas do calendário sobre a prateleira da sala, em frente à janela. Um sopro mais forte, vindo do norte, derrubou a estruturade papelão e couché cheia de fotos de lugares bonitos... Abriu-se no mês de maio como que para sempre. Dali desviei os olhos do romance policial de autora conhecida e enxerguei o que ainda não vira. Já passados vinte e sete dias do mês. Mania triste essa: esquecer de virar as folhinhas!

O dia 25 estava lá. Grifado com uma cor fluorescente. Há 69 anos, uma jovem de apenas 19 (ou 20, quem sabe?) via publicado no semanário carioca Pan, o seu primeiro conto. Era 25 de maio de 1940. Anos curiosos aqueles... E o editor e criador do semanário sabia disso. Italiano! José Scortecci. E foi a partir do dia 26 de dezembro de 1935. Aliás, sobre a revista, tanto se falou àquela época para o tão pouco que hoje se sabe.

Ignorância sobre uma editoria e uma imprensa livre que fez por outra obrigada seu guia a publicar esclarecimentos. Numa elegância também inovadora para o período. Vida a edição publicada em 19 de março de 1936, na qual Scortecci reafirmava: “Novamente nos vemos obrigados a declarar que a revista PAN é completamente independente; não pertence ela a nenhum partido político, não defende, nem ataca idéias de nenhuma índole”.

Com colaboradores como Silveira Bueno (com a coluna "Cartas de Amor" e o pseudônimo de Frei Francisco da Simplicidade e outra chamada "Lições de Português", também ia ar pela Rádio Difusora de São Paulo); o escritor de livros infantis Monteiro Lobato (nas páginas da revista um engajado na luta a favor da nacionalização do Petróleo); o escritor e poeta Menoti del Picchia, titular da seção “O Imperativo da Hora”, com comentários políticos e dos costumes da época.

Além de Benjamin Costallat, numa criativa e ousada investida escrevia sua ” Mademoiselle Cinema”, livro logo recolhido como pornográfico e escandaloso depois de vender 60 mil exemplares. "Sua verve ácida e ao mesmo tempo bem humorada, era a pena que melhor retratava, naquele tempo, as contradições da vida social e mundana do Rio de Janeiro" explica publicação "Amigos do Livro".

Com todos esses e outros mais, o neto de Scortecci, João Scortecci, que foi Diretor da União Brasileira de Escritores, vice presidente da Câmara Brasileira do Livro e conselheiro do Ministério da Cultura, hoja na CNIC (Câmara Nacional de Incentivo à Cultura), filho de Luiz Gonzaga, fã incondicional de coleções editoriais e dicionários e Nilce Scortecci apaixonada pelas obras completas de Carlos Lacerda sobre a publicação - de forma resumida - diz "que teve a honra de publicar o texto de estréia "triunfo" de Clarice Lispector".

O conto foi a primeira visão da expressiva escrita daquela jovem que por tantas vezes tentou implacar suas histórias que nunca começavam com "era uma vez" no Diário das Creanças, do Diário de Pernambuco. Ela que tantas vezes disfarçou a própria idade para ser aceita nesses lugares que, em propriedade, já estavam nela.

Confesso que minha extremada autocrítica ameçou não perdoar-me e entregar o texto, pelos dois dias de atraso. Não fosse aquele vento mais forte derrubando o calendário... Um outro lado meu insurgente argumenta enquanto escrevo essa última linha:"não pode ter se antecipado em um ano?". Outra mania que não gerou em mim, mas em minha entorpecida mãe queixumes dos quais minha memória auditiva tem registro desde a mais doce infância.

Sunday, May 17, 2009

Desde que estive pela última vez em mim, não havia mais pensado tão profundamente num desejo meu. Em querer e saciar um sentir por alguém. E mesmo com toda força do que sinto - e que me acompanha o dia inteiro - ainda faço questionamentos...
Um apaixonado não deve mesmo dar à dúvida o menor espaço. O que sei é que data de um período longo. Que senti por inteiro aos 14 anos de idade. E suspeitei no dia em que completava quase o dobro. Dalí o que me acontece é vir com mais força e nitidez, e não tenho mais a idade da razão. Nem leio mais Sartre, pelo amor de Deus.
E ainda por cima, estou plenamente ciente de que preciso encontrar n'outro universo o que naquele outro instante eu já nem tinha de bastante para conquistá-lo. E minha ternura travestida de insegurança se pergunta em tão alto e bom som que desafino:

Será que meu amor ...? Provavelmente. E estou cada vez mais certa que sim. E recuo. Porque não me interessa fazer planos pelo outro. Se não há em ambos o mesmo intento, de que adianta? Por outro lado, minha paixão e meus sentidos despertos por tua presença e ausência (apenas tua lembrança!) não deixam qualquer brecha para acordos ou entendimentos que não querer sentir e compreender mais um pouco você. Fico desentendente! se é que me entende...
Não promovo uma atitude ou conclusão em sentido contrário. Menos ainda o movimento de concordar ou aceitar quando diz: "eu não posso ficar com você".
...
Adianta perguntar por que não? Outro amor poderia ser a resposta. Afinal, quando a gente está apaixonada não consegue ficar com mais ninguém. Sei como é... é assim comigo também...
...
E esse amor agora ocupa todos os meus pensamentos. Meus significados. Só penso no teu cheiro e na textura da pele e dos cabelos. Gosto do tudo que vejo. E essa admiração vai crescendo de um modo! Quero tua presença e o ambiente não tem mais graça, brilho nem cor se não for contigo. O maior estremecimento. A melhor expressão, o melhor "texto", os melhores pensamentos e o melhor modo que conheci.



Definitivamente, estou num vazio do amor que sinto. Porque não é correspondido. E isso é muito incolor, insípido. Eu que sempre soube do sal do mar, passo em brancas nuvens. Fecho as janelas, não abro mais minha porta. Tento, como consolo, já que não me queres de presente num eterno aniversário de todoosdiasdoano, voar para o alto e enxergar o futuro em uma abóboda. Busco um teto de sabedoria. Telhado de biblioteca pública da big apple. Consolam os livros? não o meu sentido perdido. O minuto do dia de convívio que sonhei para mim.

- Meu desejo é igual a vinte leões rugindo. E eu, em verdade, sou apenas felina de pequeno porte, em cima do muro.

Tuesday, May 05, 2009

Dad I need some suggar in my boat...
Maybe I can fix things before I gone
I want some suggar in ny boat.
I want some suggar in my boat.

Maybe. Maybe
I can fix things
I can think in good things
Have good thoughts
Maybe I can have you
Thinking in me...

I want some off you thoughts
What you think is some suggar in my boat

Sunday, May 03, 2009


Será na próxima quarta-feira, dia 20 de maio, às 19 horas, na Livraria Cultura, bairro do Recife, um dos mais esperados lançamentos do ano literário em Pernambuco:


As filhas de Lilith, de Cida Pedrosa. Alguns poemas foram recitados durante a última Bienal Internacional do Livro de Pernambuco e em outros eventos, no Recife e no Interior do Estado.


Sua linha condutora é um abecedário feminino-poético com a qual Cida Pedrosa tece as histórias de 26 mulheres em seus modos de ser e viver. Num tempo e numa atmosfera ilustrados por Tereza Costa Rego em seus desenhos e pinturas. O livro editado pela Calibán ainda mereceu um tratamento gráfico inovador por Jaíne Cintra. Mais apresentações assinadas por Jussara Salazar, Heloísa Arcoverde e Micheliny Verunschk. Apoio: Sistema de Incentivo à Cultura do Governo do Estado - FUNCULTURA.

Serviço: Lançamento do livro As filhas de Lilith

Onde: Livraria Cultura, bairro do Recife

Quando: Quarta-feira, dia 20/05, às 19 horas


Nesta mesma noite em que será apresentado um recital do grupo Vozes Femininas, composto por Mariane Bigio, Silvana Menezes e Susana Morais.

Nota: As filhas de Lilith será lançado também em outras cidades de Pernambuco e já foi incluído na programação oficial para lançamento e leitura durante a OFF FLIP, que vai acontecer na cidade de Parati, no Rio de Janeiro, no próxmo mês de julho.

Histórico


Cida Pedrosa nasceu no Sertão de Pernambuco, em Bodocó. Celebra 30 anos de Literatura e militância da poesia. Edita em parceria com Sennor Ramos o maior portal de poesia com acervo pernambucano. A Interpoética. Tem quatro livros já publicados: Restos do fim (1982); O cavaleiro da epifania (1986); Cântaro (2000) e Gume (2005). Também faz parte do site escritorassuicidas. No trabalho de militância, destaque para sua participação na coordenação do Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco.