"Nunca digas como o odioso autor das Observações (...): A peça é excelente, ou ela é ruim, ou tal ato é impertinente, tal papel é lamentável. (...) Não é teu juízo que pedem, mas o relato de um processo que o público deve julgar". François Voltaire
O escritor François Voltaire, nasceu em 1694, e antes da morte dele em 1778, já sabia da importância de um jornalista ser imparcial. Não adiantam ridículos efeitos pirotécnicos. Simplicidade é o que vai comunicar ? A intenção é revelar de pronto. Mas tornar difícil vai trazer o leitor junto para uma investigação mais minuciosa dos fatos relevantes ? ou não.
Voltaire Vivo de Rodrigo Petronio, bacharel em Letras da USP, a respeito do francês (www.plataforma.paraapoesia.nom.br)explica:
"Ainda hoje seu nome consta no Index exprobratório da Igreja Católica, o que quer dizer, trocando em miúdos, o seguinte: sua leitura é vedada a qualquer católico de qualquer parte do mundo. Voltaire é um patrimônio da humanidade, e assim deve ser tratado. Qualquer tentativa de invalidar essa condição tem que merecer o nosso repúdio e o nosso desprezo"
Afirma e contextualiza: "Pouco mais de cinqüenta anos após o Holocausto, em meio à Intifada criada entre palestinos e judeus pela disputa de alguns alqueires de cascalho sagrado e às novas religiões evangélicas arrastando milhares de ignorantes para estádios, tendo visto hutus e tutsis se degolarem e vendo os novos adeptos do nazismo se aglutinarem em pequenos grupos que crescem a cada dia, temos que fazer nossas as palavras de Valéry: Voltaire vive, ele é mais atual e necessário do que nunca. E esperarmos pelo dia em que ele seja apenas atual."
? Por que será, por exemplo, que tantos anos depois a afirmação de Clarice Lispector feita através de carta a Fernando Sabino é reproduzida na orelha do livro Movimentos Simulados:
"Ao remexer seus arquivos, o autor encontrou os originais desse seu romance, em 232 páginas amareladas. Em "Cartas perto do Coração", trocadas em 1946 com Clarice Lispector, referiu-se ao livro. Ela aconselhou-o a "dar um largo tempo aos seus movimentos" e, realmente, ele deu um tempo longo demais para publicar o livro - quase 60 anos"... Quanta completude.
O que queria de fato dizer o personagem Eduardo Marciano, na página 145, do livro O Encontro Marcado com a sequência de frases: "De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro".
O desabafo vem justamente depois que "A data do casamento foi marcada: assim que ficasse pronto o enxoval" e ainda exatamente quando "Eduardo mudou-se para o Rio, tomou posse no emprego que o ministro lhe arranjara, e viu, num misto de apreensão e deslumbramento, aproximar-se o grande dia." Porque, na maioria das vezes, é difícil não reagir à pressão. Ou, quase invariavelmente, reagir mal à pressão. Porque não é possível para o humano, demasiadamente humano, suportar a pressão dos fatos.
Fui aprendendo a lidar com o limite das pessoas. O limite dos fatos. Reiventando a própria roda como único caminho para continuar percorrendo a trajetória traçada para mim neste mundo. Não reação padrão, que condiz com o esperado, para cada e todo tipo de pressão. Somente as que cabem na matemática. Em geral, se escolhe. Eu sempre escolho uma reação. A vida é feita delas e fica - se com as "melhores". No entendimento de cada um. E é difícil. Acredito mais do que na Santa Igreja Católica, que é escolher e pensar o que fazer na hora exata, o que nos diferencia de outros animais.
Não que esteja certo. Não que seja o melhor caminho. Não que não tenha dúvidas e não hesite, mas acredito primeiro no êxito dos planos e isso é "um passo à frente" para que dê certo. Difícil é ter certeza. Pior, é o que faz diferença e todos esperam, afinal, justo no final. O fato é que meu desejo anda fraquinho. Às vezes tenho a sensação precisa de que se fosse transmissão ao vivo não chegaria sequer até o satélite ! Imagina ir e voltar com apenas dois segundos de "delay". Por isso cito Voltaire. Por isso compreendo Rodrigo. Porque também acredito e penso como Valéry. Contraditório e humano tudo isso.
Já ganhei flores e presente de ficar sozinha no dia do aniversário. Já saí por cidade desconhecida à procura de um pensionato...No dia do meu vigésimo primeiro ano "ovo". Ninguém sabe da missa 1/3, nem "il Padre Santo". Ninguém, ou quase ninguém, fala, lê ou entende italiano Voltaire ! nas redações de tevê daqui. Que dirá Grego...
Sempre me interessou ser esperta o bastante para chegar antes do final. Mas também não sei nem latim, e nem chorar mais eu sei. Tarde demais para reaprender. "Um passo e você não está mais no mesmo lugar", insiste o pensamento Chico Science. Quem vai segurar esse passo ? Olha, não somos da geração Nike, "no limits". Sentido ? Não faço mais. E espero todas as vezes que termino uma linha que esse desejo de escrever morra. Deixe - me em paz, viver sem registro. Mas não nasci pra isso...Morro eu antes de cada linha finda. De nenhuma beleza e sentido incompleto. De uma autora semi - analfabeta e nordestina como era Macabéia.
O que escrevo é apenas o que escrevo. Não é o que digo depois do que planejo. É um impulso o que eu escrevo. Talvez seja feitiçaria e mágica. Talvez rime mesmo com desejo. Com tudo aquilo que vejo pulsando, preso em mim. Mas, é apenas o que eu escrevo. Já o que eu digo, não se escreve. Nem por mim, nem por ninguém. Dei um "tom de tristeza". Não. Foi de melancolia mesmo. E daí ? E tudo é tão rápido quanto a aceleração computadorizada do ônibus tríplice desgovernado que despencou do viaduto.
Estou a um passo de pular do precipício e ninguém vai me salvar. O mágico está a um milésimo de segundo de afundar na cadeira por um plano meu. E ninguém pode fazer nada contra a vontade da aniversariante. A cena. Na minha "festa", vai quem quer e a direção é minha... Do meu jeito, sem direção. Ou qualquer sentido. Lembrei de repente porque cresci.
E agora obedeço feito boi de presépio. O povo que julgue ! A opinião dos outros interessa em parte. Só a parte que interessa...É essa a liberdade de não fazer planos que o mesmo "personagem" se deu. O destino vem em ciclos. Nessa seqüência a roda é "de Samsara" (é assim mesmo que se escreve). E são várias. E Nós, que aqui estamos por Vós esperando : concluímos um ciclo. Mais uma vez na roda.
No comments:
Post a Comment