Lugar da delicadeza com o outro e com a própria Liberdade.

Onde se está de acordo com o único modo do humano de ser feliz

Wednesday, April 18, 2012


Tropicalismo

"Da cama não via o jardim. Um pouco de bruma entrava pelas venezianas abertas, o que se denunciou ao homem pelo cheiro de algodão úmido e por uma certa ânsia física de felicidade que a cerração dá".
Clarice Lispector, A Maçã no Escuro, pág. 16.

Faltam doze meses para ser novamente abril, Solar. Cadê a sorte que abril pariu? É quase tempo inteiro, completo, que ocupa meu pensamento. Sim. Porque preciso dizer sim ao sim, e não ao não. Sendo assim, aí está o direito que reivindico. Do adeus. Eu tenho sim um nome. Pode ser que me chamem por  algum grego. Etérea, de fato, sou eu. Como e por quê, não entendo? O nome que chamam em uso constante é Geo. Foi então que amalgamou a versão terra adubada. Porque em mim tudo brota! Qualquer fantasia, projeto, ideia iluminada. Não vejo do contrário, mas pelo avesso. Por dentro. Não sou adubo, muito menos aceitar de qualquer ruminante sua proposta.

Agora não estou mais com medo. Estou mais com Pedro, que com medo. Deus me livre de ter medo agora. Bem junto da porta está São Pedro, bem no fundo do mundo do mês de São Jorge e logo no ano do Dragão. Foi para dar fim ao medo e à paralisia. Fim da apatia. Se houver, de novo, pode haver panis et circensis? Só no fim do mundo. No fim da vida. Minha vontade é a de todo mundo, do mundo inteiro, até o fim do mundo. Se eu me despeço agora, no fim de tudo, é porque não tenho medo do que não quero que eu seja agora.

De onde eu vim o tempo corre lento. Na verdade, é. Tudo carece de pressa, antecipa a poeira da estrada. Esta é a imagem que acalenta meu espírito: as retas incompletas que pontuam a estrada. Tudo é incompleto e interrupto. E se houve "Novos Baianos", há novos manos. Há poeira cósmica em tudo o que penso. E se realiza é porque houve impulso e certeza. E não há sangue pulsando que encontre seu lugar em veias frágeis quando o endereço certo não é o plexo do peito de Pedro com medo.

É perigoso saber de tudo e assim eu morro cedo. Não é Amor se não for confuso e incerto. Não é amizade se for difuso e certo. Não cego, nunca mais perco o meu ponto de vista: livre e novo. Arrebatado, solto no espaço, de ponto perdido no Cosmos. E neste jardim psicodélico, sou Ninfa. Tenho medo de Dragão, mas isso não é tudo. Há mais o que investigar entre o céu e a terra. Há mais mistérios e toda essa filosofia fã me cansa. Fadigo, e não digo o que penso para não partir e soltar partículas de mim.

Há luz. Eu vejo o fim do túnel, depois do fim do mundo. O reino de seres que a Terra liberta. O inventário é teu, o inventivo espírito céu é meu e teu. No ponto em que são: do alto do céu, no canto do chão. A música não espera. Encontra em becos escuros e frequencia não autorizada o seu rumo, sua estrada. Como num sonho, a voz entra em casas, barracos, botecos, fiteiros, ruas, vielas estreitas e chega até o fim do mundo do coração dos que ouvem e preenche o dia morto, o canto de chão. Sei não, mas ninguém pode frear um carro em alta velocidade com um simples puxão. Sei não.

Funciona mudar a marcha menor em alta velocidade? Estoura a caixa, dos peitos, da marcha. Ré? Não reconhece! Ele nem sabe que existo ao tocar Blues. Disse e tomei nota: são três lições. Ouço ainda alguma cítara no ar, é puro reflexo, como era meu sorriso, nesse período tão sem nexo. Se foram, os dois navegantes sóis ao pôr - do - sol, no mesmo mar, não no mesmo barco. Marco Polo, grito! Guia por outro roteiro, esse deixa homem aflito. Fala das cidades que descobriu e contarias em detalhes pra mim. Deslizarei feita melodia. Suave, suave. Eu não nasci para ser som, nasci no fim da luz.

Se também foi assim com você é pura circunstância do destino, estarmos aprendendo juntos morrer um pouco mais a cada dia. Não é objeto vivo, não é desejo morto, não é segredo torto, não é suspeita feita, ou história que deleita corações vazios de paixão. É. Hoje serei toda - ouvidos e canto de baleia, até me desfazer em espumas remetidas às areias vermelhas por um mar histérico por uma bola de fogo e um céu aberto.

Já fui jogada ao vento, já sou folha solta e outono de um amarelo triste. Perdi o verso num verão romântico e tudo o que sei é que ninguém se liga no mar. No seu reino, ninguém se liga no mar. Quer loucura mais triste que viver sem a busca de ser feliz? Sem sequer pensar em ver o mar? Abstrair do pequeno Universo o mar? Já no meu reino real, o mar brota de mim. O tanto de bruma que entra pelas brechas de espaços abertos, logo denuncia o jeito de ser feliz e ânsia física de felicidade, dia e noite, noite e dia. Em dia branco, em noite escura. Em todas as cores e mesmo na ausência de todas. Meu modo é da cor da felicidade. Estou de acordo, com o ser feliz. Pronto e ponto. No outro blog!                                                              

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