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Primeiro: estou sentindo o que chega com uma força de ursa que também sou. Aquecida e irritável. Era sangue em massa de força preso nas veias. Nas têmporas. Não urrei. Não soube abrir a boca ou levantar os braços num grito legítimo de dor. E aquietei toda aquela massa acomodando em veias frágeis o volume de um rio caldaloso. O silêncio é mais mortal que venoso. O meu ao menos foi. Pensei que estaria morta no minuto seguinte que o sangue rompeu vasos e tornou se dores na nuca e na espinha dorsal. Dorso de ursa de olhos fixos. Esbugalhados.
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Mas o silêncio que mata também alivia dores. Hoje alivia. A solidão do inverno ou do frio de bicho sem pêlos já passou. Também não opto por hibernar. Saio pelos campos para ver a primavera chegando de mansinho. Em cores leves, em tons suaves..."Nude". São cenas de cores que vejo. A minha crença ainda é vermelha. Mas sou grata à minha santa azul. Choro lágrimas em letras pretas sobre pedras brancas e você me dá de presente um ser possível, real----------era tão só quanto eu vi. Meus olhos são porta para o novo, o tempo todo. O novo agora é mais vivo. Não apenas sonho. Vivo.
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