Cartola de maçã (manteiga, açúcar e canela), pêra ao vinho (bebido no corpo dela)... sob alta pressão e cristalizada. Tal qual mulheres de areia. Sobre toalhas de linho.
Tornei-me matéria cristalina. De vidro. Em cenário de um tear matutino.
E por que tanta transparência? Quem aguenta tanta bebida? Quem consome tanta notícia? Porque não apresso mais a vida. Não é para ser assim... E não é discurso de Páscoa. É apenas um novo formato. Um novo embalo.
Basta que me entenda mais ... tranquila? Apenas "suavizar o rosto", Clarice. Vou nesse fio de novelo até me livrar do labirinto. Preciso de uma sinceridade branda, que nem sempre se diz em palavras suaves e bem escolhidas. Sim, há os que querem, precisam do grito!
Por outro lado, o que está aqui, se me enxergar mais permitida para o definitivo da vida, eu saberei por onde ir, que caminho seguir. Saber o que querer da vida e se ainda não for possível viver assim, como para o quê nasci, ao menos eu sei para o que não nasci. E que não preciso ter pressa. Tudo a seu tempo. Preciso mesmo é ser acertiva. E não dar ouvidos a essa vozinha insistente ordenando em mim instantes vagos, minutos inteiros de um mal querer sem fim.
O que é preciso e decisivo em minha vida é ser acertiva. Não correr como louca e atravessar tudo nessa pressa infinita. Sede tão louca de viver. É muito mais provável com a alma junto chegar aonde caminha meu querer mais profundo.
Alguma sorte, sim. Que a boa sorte me guie para esse lugar bom do desejo. Como aliás sempre fez comigo. Levar-me para um outro lugar do desejo que não está no vazio. Nem morre ao correspondê-lo em seu urgente pedido. Sendo acertiva me ligarei ao que é mesmo essencial em mim. Pensar bem menos na minha solidão. Se nunca incomodou antes, porque me transtornaria agora? Preciso sim é apagar as marcas da alma.
Eu que nem você e você, sou fruto, de Bullying. Mesmo que num privilégio de tardio. E quem não foi vítima disso ? Preciso é pensar em mim com mais esperança e considerar o nada que existe na opinão dos outros. Afinal, a opinião deles só interessa em parte, a parte que interessa...
Vou ver a vida com mais calma. Sim, corri tanto nos últimos tempos que tenho mesmo é que dar o tempo necessário para a alma chegar junto de novo. E será tudo novo de novo. Toda arte precisa da alma. Minha cria completa: "E toda alma precisa de arte. Para conseguir se expressar é preciso soltar...". Importante também é livrar-se das marcas. Crescer nos instantes em que ela, para se dizer assim, respira!
Para qualquer atuação, inclusive a mais honesta consigo mesmo, a alma tem que estar junto e respirando. Se não puder enxergar a minha como a levarei comigo? Levarei-a a lugar nenhum. Essa pressa para mim, agora é sinônimo de nada.
Feito copo vazio! E sem essa que fica cheio de ar... Não. É tudo que preciso. Digo não ao não de mim. Se não se parece comigo...é não e ponto.
E se beleza não põe mesa, minha querida vó Celina, conversa não enche barriga. Não a minha que sempre se ocupou de uma fome tão distinta. Nunca nunca mesmo comida ou bebida. Minha sede e fome de tanto frio sempre foi de livros. Ao ouvir dos homens o que ouvia, eu já não cria.
Alimento me do que é fruto de areia fina. Matéria polida. Feito animal marinho.
Estou cheia de uma alma que nunca mais será presa. Cristalina e com nenhuma pressa, que já caminha enquanto respira... Ah! Também sei sorrir. Repare, por trás desse cristal líquido, foi meu envelhcido - e tão pouco adocicado - vinho que te trouxe até aqui.
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