Lugar da delicadeza com o outro e com a própria Liberdade.

Onde se está de acordo com o único modo do humano de ser feliz

Friday, August 03, 2007


O mar, agora, é tão escuro quanto a mágoa retida pelo insólito desejo de vê - la viver. Tão misteriosa em seu nada quanto uma noite sem lua. Mas a luz ergueu - se sólida e longe. A água fria eriçando pontas de pêlos curtos. Olho distante a cor translúcida das espumas prateadas. Dedos escorrendo entre fios de cabelos de crisálidas. Minha tristeza é como canto de sereia, deixa a voz mais suave, a fala hipnotiza até a mim. Até eu me convenço que não sinto o peito repleto. Luto com a força de uma baleia gigante encalhada na areia. É hora de fechar o que havia aberto em mim. Qualquer coisa, aliás, que se pareça com amor. Somente essa breve solidão me faz livre. Saber que é possível não existir nunca mais é uma terna e irresistível tensão cristã. Vou apenas olhar mais de perto, peixes que vão ao meu encontro. É cada vez maior o desejo de estar em silêncio.

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