Espaço Real
Pausa. Chovia pequenos riscos lá fora. Pode olhar pela janela enquanto investigava o mundo e suas redes. Suas simulações. Pausa. Pensou uma segunda vez. Seus colegas que criavam frases e cenas num discorrer franco do pensamento deles. Pausa. Criou aquela pequena coragem de levantar-se da cadeira, perturbando toda imobilidade, para esticar o corpo lá fora.
- Vou dizer olá à chuva!
Não esbolçaram reação. Nem riram, como esperava... Apenas olharam em silêncio. Arranhando rodinhas no chão liso afastando as cadeiras, abrindo espaço.
Desceu a escada, espaçosa, no ambiente de pé-direito alto, com posters originais de filmes incríveis, e atravessou a porta. Bastou-lhe o intervalo do pequeno toldo para espichar o corpo, equilibrar-se na ponta dos dedos e tocar a lona. Uma gotinha despretensiosa escorreu por sua mão alongada. Foi o gesto de ligar-se - mesmo que tão suavemente - à cobertura, que fez dela aquela gotinha, depois de percorrer distâncias, chegar até ali.
Logo essa tontura passa. Voltou aos amigos que criavam incansavelmente novos espaços. Voltou-se ao seu espaço real.
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