Lugar da delicadeza com o outro e com a própria Liberdade.

Onde se está de acordo com o único modo do humano de ser feliz

Thursday, March 11, 2010

Amora

Já viu como nasce uma amora? Tal qual um pequeno rato desprovido de sua cor e pelagem. Aos poucos ultrapassa aquele branco pálido, quase transparente. O vermelho lhe aparece quando da metade do processo de amadurecimento. Só então vai depois tornar-se roxa. Intensa e completa em sua força de cor. Poucos se apercebem ao encontrar essa árvore pelo caminho. Uma amoreira tem folhas enormes. Enquanto seu fruto é miúdo. Os galhos são tão finos que não combinam com a idéia que fazemos ao ouvir a expressão "pé de amora". Frágil assim mesmo a especiaria vinda da China, dizem por aí, é ainda reguladora dos hormônios. Imagine tal poder está guardado em segredo ou falta de conhecimento mesmo entre tantas de nós. Apenas com ingesta do delicado fruto e nós diariamente estaríamos livres dos 'desastres ecológicos' tal qual furacões ou tormentas que nos ocorrem vez enquando...

Tem crescido em mim o carinho e admiração por essa fruta. Por sua delicadeza, seu disfarce de nascer assim tão pálida e até feia posso dizer. E ainda por sua força. Sua missão. Por muito que já oferecesse em nos presentear com algum equilíbrio e ainda, dizem os especialistas, tem vinte e duas vezes mais cálcio que o leite. ALém de potássio, magnésio, ferro natural, proteína, fibra, zinco e levedura.

Podiam até reinventá-la como alimento para recém-nascidos e frequentadores do bar de costume. Adoraria erguer copos em sua cor. Lembrando o vinho extraído de uma prima muito distante, batizada uva. São tantos os mistérios da vida. E os da amora ainda tão pouco conhecidos como os que lhe olham pela pimeira vez em sua palidez horrenda não conseguem imaginar a formosura de seu ato final. Da forma para qual foi gerada. E os motivos para ser assim nascida me parecem mais ensinamento da natureza sobre a beleza das coisas...


Monday, March 08, 2010

Minhas Amigas,

Parabéns por todos os dias do ano e em especial por esse dia. Porque foi para isso que a gente inventou o calendário. Você vira a folhinha e "está lá". Oito de março de 2010. Inventamos também o celular e despertador. Começa tocando às cinco e cinquenta e cinco da manhã e você depois de uma insônia braba, que começou às três da manhã, olha aqueles números pequeninos e aposta!: "só mais cinco minutinhos...".

O passo seguinte é ferver a água do café e porque só vai despertar os sentidos depois que o cheiro do pó coado invadir as narinas. Até a hora boa de acordar os filhos. O café da manhã já à mesa. "Tapioca quentinha meus queridos. Vamos levantar?". Proposta com nenhum espaço para negociação. Outra estratégia que uso é o cheiro do pão de queijo mineiro. Infalível.

"Mais um dia de aula, mais um dia de aula". Responde ainda meio torpe a versão criativa de Nemo em seus nove anos completos. Escapa aquele sorriso cúmplice, um beijo nele e na filha de seus quatorze. Para ela ainda não cabe, por completa, a frase que dedico a vocês desde o início do texto. Embora saiba que este é um dos projetos em sua vida, dos maiores e mais desafiadores como bem sabemos, tal qual foi nas nossas vidas.

Ela já caminha sozinha até a escola. Um beijo mais demorado com o silêncio contendo a frase no pensamento. Nessa hora, penso comigo que se ela tivesse pouco mais de idade eu inventaria de brincar em checar que lembrou, não apenas do lanche, mas também do protetor solar ... Cai como uma luva para esses tempos quentes e de tanta radiação solar, se é que me explico. Aliás, taí outra invenção necessária. O protetor solar. Nem precisar perguntar ao Bial.

Para vocês a frase vai inteira e cheia de outros pensamentos e reflexões. Completa nas lembranças de cada momento da história compartilhada. Dos terríveis espartilhos, aos cintos de castidade até nossos moderníssimos amigos do peito. Só mesmo as magazines queimam em suas liquidações. Nós não. Dedicamos uma gaveta para muitas versões dessa invenção. Não queimamos mais os sutiãs. Não é preciso. Nossas metáforam são outras. Acendemos velinhas perfumadas em noites mais românticas ou sopramos a do bolo de aniversário com primeiro pedaço dedicado a quem bem entendemos.

Ainda neste fim de semana vi um namorado chateado porque uma de nós dedicou o primeiro pedação ao melhor amigo. Afinal, o recém-chegado não compartilhou dos momentos difíceis, ora essa. É assim nos tempos modernos. Chaplin bem que avisou. Ajeite rejeita o automatismo porque sabe o valor da amizade. E como a vida ficaria tão impossível sem ela. Na nossa versão são muitas folhinhas viradas em calendários. Oito, quinze, vinte, trinta anos! Mudamos tantos hábitos. Dedicando lixo perecível para a compostagem e o reciclável para doação a escola. Essa rotina ainda mais frequente em nossas vidas que as conversas nos cafés ou no bar de sempre.

Esse dia-a-dia que nos ocupa tanto e muitas vezes diminui a frequência dos nossos encontros. Nossas conversas e análises bebidas em pequenos ou grandes goles desse vinho. Temos fotas digitais em nossas comunidades que mostram. Estivemos aqui e ali e continuamos. Vamos indo. Porque a mentira pregada tantas vezes de que mulheres não sabem ser amigas não grudou em nós. Passou direto por nossos ouvidos. Ficou retida no nosso detector como tantas outras tão convenientes, exceto para gente. Continuamos fazendo diferente - ao nosso modo - a diferença valer de um jeito mais construtivo e amoroso.

Sem as violências de antes, embora elas não tenham desaparecido do planeta. Mas que já são julgadas de outra forma. Sob outra ótica. Inclusive por nós mesmas. Afinal ainda somos e seremos sempre, eu suspeito, quem vai parir e amamentar ou alimentar nos branços contra o peito os recém chegados ao planeta. Não apenas com o leite e o aconchego da nossa voz terna, do nosso cheiro. Mas principalmente com as nossas idéias que definitivamente mudaram. E transformam cada vez mais este mundo.