Desde que estive pela última vez em mim, não havia mais pensado tão profundamente num desejo meu. Em querer e saciar um sentir por alguém. E mesmo com toda força do que sinto - e que me acompanha o dia inteiro - ainda faço questionamentos...
Um apaixonado não deve mesmo dar à dúvida o menor espaço. O que sei é que data de um período longo. Que senti por inteiro aos 14 anos de idade. E suspeitei no dia em que completava quase o dobro. Dalí o que me acontece é vir com mais força e nitidez, e não tenho mais a idade da razão. Nem leio mais Sartre, pelo amor de Deus.
E ainda por cima, estou plenamente ciente de que preciso encontrar n'outro universo o que naquele outro instante eu já nem tinha de bastante para conquistá-lo. E minha ternura travestida de insegurança se pergunta em tão alto e bom som que desafino:
Será que meu amor ...? Provavelmente. E estou cada vez mais certa que sim. E recuo. Porque não me interessa fazer planos pelo outro. Se não há em ambos o mesmo intento, de que adianta? Por outro lado, minha paixão e meus sentidos despertos por tua presença e ausência (apenas tua lembrança!) não deixam qualquer brecha para acordos ou entendimentos que não querer sentir e compreender mais um pouco você. Fico desentendente! se é que me entende...
Não promovo uma atitude ou conclusão em sentido contrário. Menos ainda o movimento de concordar ou aceitar quando diz: "eu não posso ficar com você".
...
Adianta perguntar por que não? Outro amor poderia ser a resposta. Afinal, quando a gente está apaixonada não consegue ficar com mais ninguém. Sei como é... é assim comigo também...
...
E esse amor agora ocupa todos os meus pensamentos. Meus significados. Só penso no teu cheiro e na textura da pele e dos cabelos. Gosto do tudo que vejo. E essa admiração vai crescendo de um modo! Quero tua presença e o ambiente não tem mais graça, brilho nem cor se não for contigo. O maior estremecimento. A melhor expressão, o melhor "texto", os melhores pensamentos e o melhor modo que conheci.
Definitivamente, estou num vazio do amor que sinto. Porque não é correspondido. E isso é muito incolor, insípido. Eu que sempre soube do sal do mar, passo em brancas nuvens. Fecho as janelas, não abro mais minha porta. Tento, como consolo, já que não me queres de presente num eterno aniversário de todoosdiasdoano, voar para o alto e enxergar o futuro em uma abóboda. Busco um teto de sabedoria. Telhado de biblioteca pública da big apple. Consolam os livros? não o meu sentido perdido. O minuto do dia de convívio que sonhei para mim.
- Meu desejo é igual a vinte leões rugindo. E eu, em verdade, sou apenas felina de pequeno porte, em cima do muro.
2 comments:
ays
Lindo. Sublime. Queria muito ter escrito isso.
Um beijo em você - e o desejo de que doa cada vez menos, até a ferida fechar para sempre. Caio Fernando escreveu e é sempre bom relembrar:
"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje feito louca nos dias de chuva".
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