
La Gueza
A língua que me faz expressar um segredo tão bem guardado é uma espécie de etíope antigo... explico - me como faria se falasse árabe. É brilho que escapa dos olhos em "tela-fechadura" de burca que veste as afeganistãs. Estou substituindo por um Xador, e já me torno Muçulmana...demasiadamente.

Sou da espécie que mais teme o próprio medo e recua. Fosse pantera não mediria esforços para sair à caça de animal de sangue quente. Não calcularia o risco de encontrar pela frente armadilhas e redes que despencam do alto por sobre meu corpo indefeso. Fosse árvore fotossintetizaria todas as noites sem sobressaltos, dúvidas ou insônias...mas restou essa pele de humana coberta agora apenas até a altura do rosto. O que as palavras despem, nem mesmo o algodão produzido nos campos é capaz de vestir. Talvez se lembrasse do bichinho da seda construisse um casulo. Comesse dias seguidos até medir dez mil vezes o meu tamanho original. Dois e meio milímetros apenas. Duras penas de folhas amoreiras até a quinta metamorfose. Em duas semana teria eu produzido mais de cem vezes o pequeno total de três ovos.

É nesta estranha língua que grito apenas o pedido de deixar os fios brancos brilhantes secretados pelo espaço pressuposto à boca. Falo do queixo. É de lá que transformo fios de amanhecer tecido em borboleta.