A cada minuto
um pequeno suicídio
Outro dia, recebi convite
Figura respeitável e inteligente
Me chamou
Sim. Eu quero fazer parte
Assinar meu nome em espaço crítico,
Excelente. Ousado. Criativo
sim. Sou parte morta
Escrita torta? quem se importa...
Viro e mexo pelo avesso
Eu enxergo
São dez horas e
Ainda há crianças nas ruas
No escuro.
Seus olhos vazios,
não dizem mais nada
Doce infância?
Vida amarga!
Vejo-as por baixo de papelões
No meio da rua e passo não à pé
Mas por rodas cedidas e apressadas
pequenos suicidas
todos juntos sob a carroça
Sua única casa
Nenhuma entrada ou saída
Não é labirinto
É afogar-se na bacia
Lamento, só. E tanta
gente medíocre a dizer nada,
nada!
Vulgar é pensar só em si mesmo
Oh repertório ruim. Haja defeito!
Modinha que não tem jeito,
nenhum ou qualquer apreço
nem por si mesmos?
cor nenhuma
forma tão triste
pobre de espírito
de graça
que perda de tempo!
oh mundinho tão injusto e imundo
Foi. Perdi a veia, o jeito, a paciência. Tudo.
Ando sem esperança
Fé? nem sei mais no quê
O que vale a pena,
estou ainda para ter...
se a distância deixar
continuo balançando
folhinhas
tolinhas...
Do que eu sei, hoje
sou natureza morta
suicido em minha porta
Tranco e perco a chave
E toda lógica
Eu mesma cancelo o elo
sofro e não vejo "positivo"
nem quero mais perguntar:
por que? vai dar? pra quê?
quisera saber
menos que eu sei
ver bem menos
flagraram
meu par de olhos
fininhos
espremidos
É.
Estava acordando
um estado de felicidade
mas dá para chorar
no inverno?
afinal, já chove
lágrimas?
no molhado
ninguém vai perceber...
um raiozinho de Sol
me faria ver
outra vez o arco-íris?
No comments:
Post a Comment