Carinho da brisa
Estou aqui, ensandecida (de areia?), faz algum tempo. Vem me ocorrendo em sonho, vez por outra, fazer a viagem de bonde que Clarice e família faziam até o mar de Olinda. Sonho que é meu o cabelo fino grudando um no outro por causa do sal. Sinto até os primeiros raios de sol da manhã batendo em meu rosto, que parece bem mais jovem que este que me restou, neste início de novo milênio. Aliás, é para mim um orgulho, mesmo tão feminina, ter nascido no século vinte e no segundo milênio (pós-cristão) da raça humana.
E de fato, venho sonhando assim e sendo interrompida por minha própria incredulidade. Acho, mesmo dormindo, tão surreal tal passeio, que acordo em susto de sentimento da realidade.
Pois agora, será dito: eu desejo, da próxima vez, que o tal sonho me ocorrer, que eu me permita sentir a brisa e os raios de sol tocando no rosto. Velho ou novo, pálido ou rubro, tolo ou firme. Vou apenas me deixar levar pelo sonho...
Permitir-me sentir o carinho da brisa na pele salgada por uma eternidade! E mais, sentir todo prazer em perceber saracotearem, por causa do vento, os meus cabelos cortados. Num buliço de dança. Um meneio que nem a mim cansa! O bonde, o tempo, meu rosto, o desenho, no sol à luz da história. Com uma brisa "lambendo", meus olhos cheios de pestanas, tão sedendos.
1 comment:
Um sonho que requer intensidade, como a vida que se quer real...
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